Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia de Ginecomastia

 Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia de Ginecomastia


A cirurgia de ginecomastia, realizada para reduzir o volume mamário em homens, é um procedimento estético ou reconstrutivo comum, frequentemente motivado por fatores psicológicos, sociais ou médicos, como desconforto físico ou suspeita de condições subjacentes. Embora seja considerada uma cirurgia de baixo a moderado risco, geralmente realizada sob anestesia geral ou local com sedação, uma avaliação pré-operatória com exames laboratoriais é essencial para garantir a segurança do paciente e minimizar complicações, como sangramentos, infecções ou reações adversas. Esses exames também ajudam a identificar causas endócrinas ou sistêmicas da ginecomastia, como desequilíbrios hormonais ou doenças hepáticas.

Hemograma Completo

O hemograma completo é fundamental para avaliar o estado hematológico do paciente. A contagem de hemácias e hemoglobina é crucial para detectar anemia, que pode comprometer a oxigenação tecidual, especialmente em procedimentos sob anestesia geral. Alterações nos leucócitos podem indicar infecções sistêmicas ou processos inflamatórios locais, como abscessos mamários, que devem ser tratados antes da cirurgia para reduzir o risco de infecção de sítio cirúrgico. A contagem de plaquetas é importante, pois valores baixos aumentam o risco de sangramentos ou hematomas, uma preocupação em cirurgias que envolvem manipulação de tecidos mamários vascularizados.

Perfil Hormonal

A avaliação hormonal é essencial, pois a ginecomastia pode ser causada por desequilíbrios endócrinos, como níveis elevados de estrogênio ou reduzidos de testosterona. Exames como testosterona total e livre, estrogênio, hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo-estimulante (FSH) e prolactina ajudam a identificar condições como hipogonadismo, tumores secretores de hormônios (ex.: prolactinomas) ou uso de medicamentos que alterem o eixo hormonal. Esses testes são particularmente relevantes em pacientes jovens ou com ginecomastia unilateral, que podem indicar causas patológicas, como tumores testiculares, exigindo investigação adicional antes da cirurgia.

Função Hepática

Testes de função hepática, como alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), gama-glutamil transferase (GGT) e bilirrubinas, são indicados para avaliar a capacidade do fígado de metabolizar medicamentos anestésicos, analgésicos ou antibióticos profiláticos. A ginecomastia pode estar associada a doenças hepáticas, como cirrose, que alteram o metabolismo de hormônios sexuais, aumentando os níveis de estrogênio. Alterações hepáticas também podem predispor a sangramentos devido à redução de fatores de coagulação, sendo essencial sua avaliação antes do procedimento.

Coagulograma

O coagulograma, que inclui tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e razão normalizada internacional (INR), avalia a capacidade de coagulação. Esses exames são cruciais em pacientes com histórico de sangramentos, uso de anticoagulantes ou suspeita de disfunções hepáticas. Embora a ginecomastia seja um procedimento com baixo risco hemorrágico, hematomas pós-operatórios podem comprometer o resultado estético, tornando o coagulograma uma etapa importante da avaliação pré-operatória.

Glicemia de Jejum

A glicemia de jejum é recomendada para avaliar o controle glicêmico, especialmente em pacientes com diabetes mellitus ou obesidade, condições frequentemente associadas à ginecomastia. O diabetes descontrolado aumenta o risco de infecções pós-operatórias e retarda a cicatrização, impactando a qualidade das cicatrizes, um fator crítico em cirurgias estéticas. Em casos de diabetes crônico, a hemoglobina glicada (HbA1c) pode ser solicitada para avaliar o controle glicêmico a longo prazo.

Função Renal e Eletrólitos

Exames como ureia, creatinina e eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) avaliam a função renal e o equilíbrio eletrolítico. Alterações renais podem afetar a eliminação de medicamentos utilizados no perioperatório, enquanto desequilíbrios eletrolíticos, como hipopotassemia, podem predispor a arritmias em procedimentos sob anestesia geral. Esses testes são particularmente relevantes em pacientes com comorbidades, como hipertensão ou obesidade.

Exames Complementares

Outros exames podem ser indicados conforme o perfil clínico. A dosagem de proteína C reativa (PCR) pode ajudar a descartar processos inflamatórios ou infecciosos ativos. Em pacientes com suspeita de causas neoplásicas, como carcinoma mamário (raro em homens) ou tumores testiculares, marcadores tumorais, como alfa-fetoproteína (AFP) ou beta-hCG, podem ser solicitados. A tipagem sanguínea é raramente necessária, mas pode ser considerada em procedimentos extensos com maior risco de sangramento.

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A avaliação pré-operatória para a cirurgia de ginecomastia exige uma abordagem sistemática, com exames laboratoriais que identifiquem riscos hematológicos, hormonais, metabólicos e infecciosos. Hemograma, perfil hormonal, função hepática, coagulograma, glicemia e função renal formam a base dessa avaliação, sendo complementados por testes específicos conforme as condições do paciente. Essa estratégia, aliada à anamnese detalhada e exames de imagem, como ultrassonografia mamária, garante maior segurança, reduz complicações e promove resultados estéticos e funcionais satisfatórios.


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