Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia de Gluteoplastia

 Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia de Gluteoplastia



A gluteoplastia, procedimento cirúrgico estético ou reconstrutivo para aumento ou remodelação dos glúteos com implantes de silicone ou enxerto de gordura (lipoenxertia), é uma intervenção de moderado a alto risco, geralmente realizada sob anestesia geral. Uma avaliação pré-operatória abrangente, incluindo exames laboratoriais, é crucial para garantir a segurança do paciente, minimizar complicações como sangramentos, infecções ou reações adversas à anestesia e otimizar os resultados estéticos. Esses exames também ajudam a identificar condições sistêmicas que possam impactar o procedimento, especialmente em técnicas que envolvem lipoaspiração extensa.

Hemograma Completo

O hemograma completo é essencial para avaliar o estado hematológico do paciente. A contagem de hemácias e hemoglobina é fundamental para detectar anemia, que pode comprometer a oxigenação tecidual, especialmente em procedimentos que envolvem perdas sanguíneas significativas, como na lipoenxertia, que combina lipoaspiração e enxerto de gordura. Alterações nos leucócitos podem indicar infecções sistêmicas ou locais, como celulite nas áreas doadoras ou receptoras, que devem ser tratadas antes da cirurgia para reduzir o risco de infecção de sítio cirúrgico. A contagem de plaquetas é crucial, pois valores baixos aumentam o risco de hematomas ou sangramentos, impactando a estética e a recuperação.

Coagulograma

O coagulograma, que inclui tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e razão normalizada internacional (INR), avalia a capacidade de coagulação. Esses exames são indispensáveis devido ao risco de sangramento intraoperatório, particularmente em procedimentos extensos como a lipoenxertia, que envolvem manipulação de grandes áreas de tecido. Pacientes com histórico de sangramentos, uso de anticoagulantes (como aspirina) ou suspeita de distúrbios de coagulação, como trombofilia, requerem avaliação cuidadosa para evitar complicações, como hematomas ou trombose venosa profunda, um risco elevado no pós-operatório devido à imobilidade.

Glicemia de Jejum e Hemoglobina Glicada

A glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (HbA1c) são recomendadas para avaliar o controle glicêmico, especialmente em pacientes com diabetes mellitus ou obesidade, condições comuns em candidatos à gluteoplastia. O diabetes descontrolado aumenta o risco de infecções pós-operatórias, como abscessos ou infecções de implantes, e retarda a cicatrização, impactando a qualidade das cicatrizes, um fator crítico em cirurgias estéticas. A HbA1c reflete o controle glicêmico nos últimos meses, permitindo ajustes terapêuticos antes do procedimento.

Função Renal e Eletrólitos

Exames como ureia, creatinina e eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) avaliam a função renal e o equilíbrio eletrolítico. Alterações renais podem afetar a eliminação de medicamentos anestésicos, analgésicos ou antibióticos utilizados no perioperatório, especialmente em cirurgias sob anestesia geral. Desequilíbrios eletrolíticos, como hipopotassemia, podem predispor a arritmias, um risco relevante em procedimentos prolongados. Esses testes são essenciais em pacientes com comorbidades, como hipertensão, ou em casos de lipoaspiração extensa, que podem causar alterações hidroeletrolíticas.

Função Hepática

Testes de função hepática, como alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), gama-glutamil transferase (GGT) e bilirrubinas, são indicados para avaliar a capacidade do fígado de metabolizar medicamentos utilizados no perioperatório. Alterações hepáticas, como as causadas por hepatite ou esteatose hepática (comum em pacientes obesos), podem aumentar o risco de toxicidade medicamentosa ou sangramentos devido à redução de fatores de coagulação. Esses exames são particularmente relevantes em pacientes com histórico de doença hepática.

Exames Complementares

Outros exames podem ser necessários conforme o perfil clínico. A dosagem de proteína C reativa (PCR) pode ajudar a descartar processos inflamatórios ou infecciosos ativos, que contraindicam a cirurgia devido ao risco de infecção de implantes ou enxertos. Em pacientes com suspeita de trombose venosa, comum após procedimentos que exigem repouso prolongado, a dosagem de dímero-D pode ser considerada. A tipagem sanguínea é recomendada em cirurgias com maior risco de sangramento, como gluteoplastia com lipoenxertia extensa, para facilitar transfusões, se necessário. Em casos de suspeita de desequilíbrios hormonais, exames como testosterona ou estrogênio podem ser solicitados para descartar condições que afetem a composição corporal.

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A avaliação pré-operatória para a gluteoplastia exige uma abordagem sistemática, com exames laboratoriais que identifiquem riscos hematológicos, metabólicos, infecciosos e hepáticos. Hemograma, coagulograma, glicemia, função renal e hepática formam a base dessa avaliação, sendo complementados por testes específicos conforme o perfil do paciente. Essa estratégia, aliada à anamnese detalhada e exames de imagem, garante maior segurança, reduz complicações e promove resultados estéticos e funcionais satisfatórios em um procedimento cada vez mais popular.

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