Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia de Otoplastia

 Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia de Otoplastia


A otoplastia, cirurgia realizada para corrigir orelhas proeminentes, conhecidas como "orelha de abano", é um procedimento estético ou reconstrutivo comum, frequentemente realizado em crianças e adultos jovens. Embora seja considerado um procedimento de baixo risco, geralmente realizado sob anestesia local ou geral, uma avaliação pré-operatória com exames laboratoriais é essencial para garantir a segurança do paciente, minimizar complicações e otimizar os resultados. Esses exames ajudam a identificar condições que possam aumentar os riscos de sangramento, infecção ou reações adversas à anestesia.

Hemograma Completo

O hemograma completo é um exame fundamental para avaliar o estado hematológico do paciente. A contagem de hemácias e hemoglobina é crucial para detectar anemia, que, embora menos comum em pacientes jovens e saudáveis submetidos à otoplastia, pode afetar a oxigenação tecidual, especialmente em procedimentos sob anestesia geral. Alterações nos leucócitos podem indicar infecções sistêmicas ou locais, como otite externa ou infecções cutâneas na região auricular, que devem ser tratadas antes da cirurgia para evitar complicações como infecção de sítio cirúrgico. A contagem de plaquetas é importante, pois valores baixos aumentam o risco de sangramentos ou hematomas, uma preocupação em cirurgias que envolvem manipulação de tecidos cartilaginosos e cutâneos.

Coagulograma

O coagulograma, que inclui tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e razão normalizada internacional (INR), avalia a capacidade de coagulação. Esses exames são essenciais, especialmente em pacientes com histórico de sangramentos, hematomas frequentes ou uso de medicamentos que afetem a hemostasia, como anti-inflamatórios não esteroides. Embora a otoplastia apresente baixo risco hemorrágico, alterações no coagulograma podem predispor a hematomas auriculares, que podem comprometer o resultado estético ou levar a infecções. Em crianças ou pacientes com suspeita de distúrbios de coagulação, como doença de von Willebrand, esses testes são ainda mais relevantes.

Glicemia de Jejum

A glicemia de jejum é recomendada para avaliar o controle glicêmico, particularmente em pacientes com diabetes mellitus ou suspeita de resistência insulínica. O diabetes descontrolado aumenta o risco de infecções pós-operatórias e retarda a cicatrização, o que é crítico em cirurgias estéticas como a otoplastia, onde a qualidade da cicatriz é um fator importante. Embora menos comum em crianças, a avaliação glicêmica é essencial em adultos ou pacientes com comorbidades metabólicas, garantindo que o controle glicêmico esteja otimizado antes do procedimento.

Função Renal e Eletrólitos

Exames como ureia, creatinina e eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) avaliam a função renal e o equilíbrio eletrolítico. Embora a otoplastia frequentemente utilize anestesia local, pacientes submetidos à anestesia geral ou sedação podem ter a eliminação de medicamentos afetada por disfunções renais. Desequilíbrios eletrolíticos, como hipopotassemia, podem predispor a arritmias, especialmente em pacientes com comorbidades cardiovasculares. Esses testes são particularmente relevantes em adultos mais velhos ou em pacientes com doenças crônicas.

Função Hepática

Testes de função hepática, como alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e bilirrubinas, são indicados para avaliar a capacidade do fígado de metabolizar medicamentos anestésicos, analgésicos ou antibióticos profiláticos. Alterações hepáticas, embora raras em pacientes candidatos à otoplastia, podem aumentar o risco de toxicidade medicamentosa. Esses exames são mais relevantes em pacientes com histórico de hepatopatia ou uso crônico de medicamentos hepatotóxicos.

Exames Complementares

Em casos específicos, outros exames podem ser necessários. A dosagem de proteína C reativa (PCR) pode ajudar a descartar processos inflamatórios ou infecciosos ativos, como infecções auriculares, que contraindicam a cirurgia. Em pacientes com histórico de alergias ou reações adversas a medicamentos, testes de imunoglobulina E (IgE) específica podem ser considerados. A tipagem sanguínea é raramente necessária, mas pode ser solicitada em procedimentos realizados em crianças sob anestesia geral ou em casos de suspeita de maior risco hemorrágico. Em pacientes com doenças sistêmicas, como artrite reumatoide, exames como velocidade de hemossedimentação (VHS) podem ser úteis.

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A avaliação pré-operatória para a otoplastia exige uma abordagem seletiva, com exames laboratoriais que identifiquem riscos hematológicos, metabólicos e infecciosos. Hemograma, coagulograma, glicemia, função renal e hepática formam a base dessa avaliação, sendo complementados por testes específicos conforme o perfil do paciente. Essa estratégia, aliada à anamnese detalhada e exame físico, garante maior segurança, reduz complicações e promove resultados estéticos e funcionais satisfatórios em um procedimento amplamente realizado para correção de orelhas proeminentes.








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