Exame de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay)
Exame de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay)
O Ensaio Imunoenzimático (ELISA), também conhecido como Enzyme-Linked Immunosorbent Assay, é uma técnica imunoenzimática amplamente utilizada em laboratórios de pesquisa e diagnóstico para detectar e quantificar a presença de um antígeno específico ou anticorpo em amostras biológicas. Sua versatilidade, sensibilidade e relativa facilidade de execução o tornam uma ferramenta essencial em diversas áreas da ciência, como medicina, veterinária, biotecnologia, agricultura e meio ambiente.
Histórico e Fundamentos do ELISA
O desenvolvimento do ELISA como técnica laboratorial está intrinsecamente ligado aos avanços na imunologia e nas técnicas de marcação enzimática. O conceito de utilizar enzimas como marcadores em reações imunoquímicas foi explorado pela primeira vez na década de 1960, mas foi em 1971 que Peter Perlmann e Eva Engvall, da Universidade de Estocolmo, publicaram um artigo descrevendo o primeiro ensaio ELISA funcional.
O ELISA se baseia em dois princípios fundamentais:
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Reação Antígeno-Anticorpo: A reação entre um antígeno e seu anticorpo específico é altamente seletiva e forma um complexo estável. Essa interação é a base da técnica ELISA.
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Marcação Enzimática: Um dos reagentes (antígeno ou anticorpo) é marcado com uma enzima que catalisa uma reação que produz um produto detectável, como uma mudança de cor ou fluorescência. A quantidade de produto gerado é proporcional à quantidade de antígeno ou anticorpo presente na amostra.
Tipos de ELISA e suas Aplicações
O ELISA abrange diferentes modalidades, cada uma com aplicações específicas em diversas áreas de estudo:
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ELISA Direto: O antígeno é adsorvido à superfície do poço da placa ELISA e o anticorpo específico, conjugado à enzima, se liga diretamente ao antígeno. Esse tipo de ELISA é menos comum, mas pode ser utilizado para detectar antígenos em amostras biológicas.
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ELISA Indireto: O antígeno é adsorvido à superfície do poço e o anticorpo primário específico se liga ao antígeno. Em seguida, um anticorpo secundário, conjugado à enzima e específico para o anticorpo primário, se liga ao complexo antígeno-anticorpo primário. Esse tipo de ELISA é amplamente utilizado para detectar anticorpos em amostras biológicas, como em testes de diagnóstico de doenças infecciosas.
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ELISA Sanduíche: Um anticorpo de captura, específico para o antígeno, é adsorvido à superfície do poço. O antígeno presente na amostra se liga ao anticorpo de captura. Em seguida, um anticorpo de detecção, específico para um epítopo diferente do antígeno, se liga ao complexo antígeno-anticorpo de captura. O anticorpo de detecção pode estar conjugado à enzima (ELISA sanduíche direto) ou um anticorpo secundário conjugado à enzima pode ser utilizado para amplificar o sinal (ELISA sanduíche indireto). Esse tipo de ELISA é amplamente utilizado para quantificar antígenos em amostras biológicas, como hormônios, citocinas e proteínas.
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ELISA Competitivo: O antígeno presente na amostra compete com um antígeno marcado com enzima pela ligação a um anticorpo específico. Quanto maior a quantidade de antígeno na amostra, menor a quantidade de antígeno marcado que se liga ao anticorpo e menor o sinal detectado. Esse tipo de ELISA é utilizado para medir a concentração de pequenas молекулы, como hormônios e drogas.
Técnicas e Ferramentas do ELISA
O ELISA envolve diversas etapas, desde a preparação da amostra biológica até a análise dos resultados:
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Preparo da Amostra: A amostra biológica (soro, plasma, urina, жидкость cefalorraquidiano, etc.) é preparada de acordo com o protocolo específico do ensaio. Pode ser necessário diluir a amostra, adicionar reagentes ou realizar etapas de centrifugação ou filtração.
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Adsorção do Antígeno ou Anticorpo de Captura: O antígeno ou anticorpo de captura é adsorvido à superfície do poço da placa ELISA. A adsorção ocorre por interação passiva entre as proteínas e a superfície do poço.
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Bloqueio: Após a adsorção, é realizada uma etapa de bloqueio para saturar os sítios de ligação não específicos na superfície do poço. Utiliza-se, geralmente, proteínas como albumina bovina ou leite desnatado.
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Incubação com Anticorpo Primário (se aplicável): No ELISA indireto, o anticorpo primário específico para o antígeno é adicionado ao poço e incubado por um período de tempo determinado.
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Lavagem: Após a incubação, o poço é lavado para remover o anticorpo primário não ligado.
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Incubação com Anticorpo Secundário Conjugado à Enzima: O anticorpo secundário, conjugado à enzima e específico para o anticorpo primário (ELISA indireto) ou para o antígeno (ELISA direto ou sanduíche), é adicionado ao poço e incubado.
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Lavagem: O poço é lavado para remover o anticorpo secundário não ligado.
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Adição do Substrato: O substrato específico da enzima utilizada é adicionado ao poço. A enzima catalisa a reação que gera um produto detectável, como uma mudança de cor ou fluorescência.
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Leitura: A absorbância ou fluorescência do produto gerado é medida utilizando um leitor de microplacas. A absorbância ou fluorescência é proporcional à quantidade de antígeno ou anticorpo presente na amostra.
Aplicações do ELISA
O ELISA é uma técnica versátil com aplicações em diversas áreas:
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Diagnóstico de Doenças Infecciosas: O ELISA é amplamente utilizado para detectar anticorpos contra patógenos infecciosos, como HIV, hepatite B e C, dengue, Zika vírus, entre outros.
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Detecção de Autoanticorpos: O ELISA é utilizado para detectar autoanticorpos, que são anticorpos que atacam os próprios tecidos do organismo, e estão associados a doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide.
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Quantificação de Hormônios e Citocinas: O ELISA é utilizado para medir a concentração de hormônios, como insulina e cortisol, e citocinas, como TNF-α e IL-6, em amostras biológicas.
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Detecção de Alérgenos: O ELISA é utilizado para detectar alérgenos em alimentos, como amendoim e glúten.
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Monitoramento de Resposta Imune: O ELISA é utilizado para monitorar a resposta imune a vacinas ou transplantes.
Vantagens e Limitações do ELISA
O ELISA apresenta diversas vantagens em relação a outras técnicas imunoenzimáticas:
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Sensibilidade: O ELISA é capaz de detectar pequenas quantidades de antígeno ou anticorpo na amostra.
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Especificidade: A reação antígeno-anticorpo é altamente específica, o que garante a precisão dos resultados.
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Versatilidade: O ELISA pode ser utilizado para detectar diferentes tipos de moléculas, como antígenos, anticorpos, hormônios e citocinas.
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Facilidade de Execução: O ELISA é relativamente fácil de executar e pode ser automatizado.
Apesar das vantagens, o ELISA também apresenta algumas limitações:
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Interferência de Fatores Reumáticos: Em amostras de pacientes com doenças reumáticas, a presença de fatores reumáticos pode interferir nos resultados do ELISA.
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Reações Cruzadas: Em alguns casos, pode ocorrer reações cruzadas entre anticorpos e antígenos semelhantes, o que pode levar a resultados falso-positivos.
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Limitação na Detecção de Isoformas: O ELISA pode não ser capaz de distinguir entre diferentes isoformas de uma mesma proteína.
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O Ensaio Imunoenzimático (ELISA) é uma técnica poderosa e versátil, com aplicações em diversas áreas da ciência. Sua capacidade de detectar e quantificar diferentes tipos de moléculas em amostras biológicas torna o ELISA uma ferramenta fundamental para o diagnóstico de doenças, a pesquisa científica e o desenvolvimento de novas tecnologias.
Com o avanço da tecnologia, o ELISA se torna cada vez mais sensível, específico e automatizado, abrindo novas perspectivas para a compreensão da vida em nível molecular e para o desenvolvimento de novas aplicações que beneficiem a humanidade.
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