Exame de Hibridização in situ por fluorescência (FISH)

 Exame de Hibridização in situ por fluorescência (FISH)


A Hibridização in situ por fluorescência (FISH) é uma técnica de biologia molecular poderosa e versátil, utilizada para detectar e localizar sequências específicas de DNA ou RNA em células, tecidos ou amostras biológicas. Combinando a especificidade da hibridização de ácidos nucleicos com a sensibilidade da detecção por fluorescência, a FISH permite visualizar e mapear genes, cromossomos, transcritos e outras sequências de interesse, fornecendo informações valiosas sobre a organização genômica, expressão gênica e alterações cromossômicas em diversas áreas da ciência, como medicina, genética, biologia celular e ecologia.

Histórico e Fundamentos da FISH

O desenvolvimento da FISH como técnica diagnóstica e de pesquisa está intimamente ligado aos avanços na tecnologia de hibridização de ácidos nucleicos e detecção por fluorescência. A técnica foi descrita pela primeira vez em 1969, por Pardue e Gall, que utilizaram RNA ribossômico marcado radioativamente para identificar a localização dos genes ribossômicos em cromossomos de anfíbios. No entanto, foi a introdução de fluorocromos como marcadores não radioativos, no início da década de 1980, que impulsionou o desenvolvimento e a ampla aplicação da FISH.

A FISH se baseia no princípio da hibridização específica de uma sonda de ácido nucleico marcada com um fluorocromo a uma sequência complementar de DNA ou RNA presente na amostra biológica. A sonda, que é um фрагмент de ácido nucleico com sequência conhecida e complementar à sequência alvo, se liga à sequência de interesse por pareamento de bases. O fluorocromo, que é uma молекула fluorescente que emite luz quando excitada por um comprimento de onda específico, permite visualizar a localização da sonda e, consequentemente, da sequência alvo na amostra.

Tipos de FISH e suas Aplicações

A FISH abrange diferentes técnicas e abordagens, cada uma com aplicações específicas em diversas áreas de estudo:

  • FISH Cromossômica: Utilizada para identificar e mapear sequências de DNA em cromossomos, como genes, regiões repetitivas e translocações cromossômicas. A FISH cromossômica é amplamente utilizada em citogenética para diagnosticar aneuploidias (como a trissomia do 21 na Síndrome de Down), rearranjos cromossômicos (como translocações em leucemias) e outras alterações numéricas e estruturais dos cromossomos.

  • FISH Interfásica: Aplicada para detectar sequências de DNA em núcleos interfásicos, ou seja, em células que não estão em divisão. A FISH interfásica é útil para identificar aneuploidias em amostras de tecido ou жидкость amniótico, diagnosticar infecções virais (como a infecção por HPV) e detectar alterações genéticas em células tumorais.

  • FISH para Detecção de Expressão Gênica: Utilizada para visualizar e quantificar молекулы de RNA mensageiro (mRNA) em células ou tecidos, permitindo analisar a expressão gênica em diferentes contextos, como desenvolvimento embrionário, diferenciação celular e resposta a estímulos ambientais. A FISH para detecção de expressão gênica é valiosa para estudar a expressão de genes específicos em células individuais, mapear a expressão gênica em tecidos e analisar a expressão de микроРНКs.

  • FISH Comparativa Genômica Híbrida (CGH): Técnica que permite comparar o genoma de duas amostras biológicas (por exemplo, células tumorais e células normais) para identificar ganhos e perdas de sequências de DNA. A CGH é amplamente utilizada em oncologia para detectar alterações genômicas em tumores, como amplificações de oncogenes e deleções de genes supressores de tumor.

Técnicas e Ferramentas da FISH

A FISH envolve diversas etapas, desde a preparação da amostra biológica até a análise dos resultados:

  1. Preparo da Amostra: A amostra biológica (células, tecidos ou жидкость biológico) é fixada em lâminas ou outras superfícies, permeabilizada para permitir o acesso da sonda ao DNA ou RNA alvo e, em alguns casos, submetida a etapas de desnaturação para tornar o DNA de fita dupla em fita simples.

  2. Preparo da Sonda: A sonda de ácido nucleico, que é um фрагмент de DNA ou RNA com sequência conhecida e complementar à sequência alvo, é marcada com um fluorocromo. Existem diferentes tipos de fluorocromos disponíveis, que emitem luz em diferentes comprimentos de onda, permitindo a utilização de múltiplas sondas em um mesmo experimento.

  3. Hibridização: A sonda marcada é adicionada à amostra preparada e incubada em condições específicas de temperatura e tempo, permitindo que a sonda se ligue à sequência alvo por pareamento de bases.

  4. Lavagem: Após a hibridização, a amostra é lavada para remover as sondas não hibridizadas e reduzir o ruído de fundo.

  5. Detecção: A amostra é visualizada sob um microscópio de fluorescência, que excita os fluorocromos e detecta a luz emitida. A localização e a intensidade da fluorescência indicam a presença e a quantidade da sequência alvo na amostra.

Aplicações da FISH

A FISH é uma técnica versátil com aplicações em diversas áreas da ciência:

  • Medicina: A FISH é amplamente utilizada em diagnóstico de doenças genéticas, infecciosas e câncer. Ela permite identificar aneuploidias, rearranjos cromossômicos, alterações genômicas em tumores, infecções virais e bacterianas, entre outras aplicações.

  • Genética: A FISH é uma ferramenta fundamental para mapear genes em cromossomos, estudar a organização genômica, analisar a evolução dos genomas e identificar variações genéticas entre indivíduos ou populações.

  • Biologia Celular: A FISH permite visualizar a localização de молекулы de DNA e RNA em células, estudar a expressão gênica em células individuais, analisar a organização do núcleo e do citoplasma, entre outras aplicações.

  • Ecologia: A FISH é utilizada para identificar микроорганизмы em amostras ambientais, estudar a diversidade microbiana, analisar a interação entre diferentes espécies e monitorar a poluição genética.

Vantagens e Limitações da FISH

A FISH apresenta diversas vantagens em relação a outras técnicas de biologia molecular:

  • Especificidade: A FISH permite detectar sequências específicas de DNA ou RNA com alta especificidade, devido à hibridização seletiva da sonda à sequência alvo.

  • Sensibilidade: A FISH é uma técnica sensível, capaz de detectar pequenas quantidades de DNA ou RNA na amostra.

  • Visualização: A FISH permite visualizar a localização da sequência alvo em células, tecidos ou cromossomos, fornecendo informações sobre a organização espacial do genoma e a expressão gênica.

  • Versatilidade: A FISH pode ser aplicada a diferentes tipos de amostras biológicas, incluindo células, tecidos, жидкость biológico e amostras ambientais.

Apesar das vantagens, a FISH também apresenta algumas limitações:

  • Complexidade: A FISH envolve diversas etapas, desde o preparo da amostra até a análise dos resultados, o que pode tornar a técnica trabalhosa e demorada.

  • Restrições: A FISH requer o conhecimento prévio da sequência alvo para o design da sonda, o que pode limitar sua aplicação em alguns casos.

  • Custo: A FISH pode ser uma técnica dispendiosa, devido aos custos dos reagentes, equipamentos e fluorocromos.

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A Hibridização in situ por fluorescência (FISH) é uma técnica poderosa e versátil, com aplicações em diversas áreas da ciência. Sua capacidade de detectar e localizar sequências específicas de DNA ou RNA em células, tecidos ou amostras biológicas torna a FISH uma ferramenta valiosa para o diagnóstico de doenças, o estudo da genética e da biologia celular, a análise da expressão gênica e a investigação de questões ecológicas.

Com o avanço da tecnologia e o desenvolvimento de novas sondas e fluorocromos, a FISH continua a evoluir e a expandir suas aplicações, oferecendo novas perspectivas para a compreensão da vida em nível molecular.



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