FISH para Translocações

 FISH para Translocações


Hibridização in situ Fluorescente (FISH) para Translocações

A hibridização in situ fluorescente (FISH) é uma técnica citogenética molecular amplamente utilizada para a detecção e localização de sequências específicas de DNA em cromossomos. Uma das aplicações mais relevantes do FISH é a identificação de translocações cromossômicas, que desempenham um papel crucial no diagnóstico e prognóstico de diversas doenças genéticas e cânceres. Este artigo revisa os fundamentos teóricos da técnica FISH, sua metodologia específica para translocações, aplicações clínicas e avanços recentes na área.


As translocações cromossômicas são rearranjos estruturais do DNA que envolvem a troca de segmentos entre cromossomos não homólogos. Essas anomalias podem levar à ativação de oncogenes, fusão de genes ou disfunção da regulação gênica, estando frequentemente associadas a neoplasias hematológicas e tumores sólidos. A técnica FISH se destaca como uma ferramenta essencial para a identificação rápida e precisa dessas translocações, permitindo um diagnóstico mais preciso e auxiliando na escolha terapêutica.


A técnica FISH baseia-se na hibridização de sondas de DNA ou RNA marcadas com fluorocromos a sequências complementares no genoma. No contexto das translocações cromossômicas, são utilizadas sondas específicas que permitem a detecção de fusões gênicas ou separação de loci originalmente adjacentes. Entre as principais translocações identificáveis por FISH, destacam-se:

  • t(9;22)(q34;q11): Translocação BCR-ABL, característica da leucemia mieloide crônica (LMC).

  • t(15;17)(q24;q21): Associada à leucemia promielocítica aguda (LPA), envolvendo o gene PML-RARA.

  • t(8;14)(q24;q32): Característica do linfoma de Burkitt, envolvendo o gene MYC.

  • t(11;14)(q13;q32): Associada ao mieloma múltiplo, envolvendo o gene CCND1.

  • t(12;21)(p13;q22): Identificada em leucemias linfoblásticas agudas (LLA), envolvendo os genes ETV6-RUNX1.


Metodologia do Exame FISH para Translocações A detecção de translocações cromossômicas por FISH envolve as seguintes etapas:

  • Preparação da amostra: O material biológico pode ser obtido de sangue periférico, medula óssea ou tecido tumoral fixado.

  • Desnaturação e hibridização: O DNA da amostra é desnaturado para permitir a ligação específica das sondas FISH ao DNA-alvo.

  • Uso de sondas específicas: Para translocações, são empregadas sondas de separação (break-apart), de fusão (fusion probes) ou de localização específica.

  • Análise por microscopia de fluorescência: A identificação dos padrões de fluorescência permite a detecção de rearranjos gênicos associados a translocações.

Aplicações Clínicas da FISH para Translocações A técnica FISH tem se mostrado essencial no diagnóstico e prognóstico de diversas doenças onco-hematológicas e tumores sólidos, incluindo:

  • Leucemias e linfomas: A detecção de translocações específicas auxilia no diagnóstico e classificação das neoplasias hematológicas, como LMC, LLA e LPA.

  • Tumores sólidos: Identificação de rearranjos gênicos em sarcomas (ex.: translocação EWSR1-FLI1 no sarcoma de Ewing) e câncer de pulmão (ex.: rearranjos do gene ALK).

  • Medicina personalizada: O perfil citogenético baseado em FISH orienta estratégias terapêuticas direcionadas, como o uso de inibidores de tirosina quinase para BCR-ABL e ALK.

Avanços Recentes e Técnicas Complementares A evolução da citogenética molecular tem aprimorado a detecção de translocações por FISH, com destaque para:

  • Multiplex FISH (M-FISH): Permite a visualização de múltiplos cromossomos simultaneamente, facilitando a identificação de translocações complexas.

  • FISH em tecido parafinado (FFPE-FISH): Aplicação em amostras fixadas, ampliando a aplicabilidade da técnica em diagnósticos retrospectivos.

  • Combinação com NGS (Next-Generation Sequencing): Complementa a análise FISH, permitindo a caracterização detalhada de fusões gênicas.



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 A técnica FISH para translocações representa um avanço significativo na citogenética molecular, oferecendo um método rápido e preciso para a detecção de rearranjos cromossômicos críticos para o diagnóstico e tratamento de diversas neoplasias. Com a contínua evolução da biotecnologia, espera-se que novas abordagens aumentem ainda mais a sensibilidade e aplicabilidade dessa ferramenta, promovendo um impacto positivo na medicina personalizada e na oncologia de precisão.


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