Hemocultura com antibiograma

 Hemocultura com antibiograma
(Teste de sensibilidade)

A hemocultura com antibiograma é um exame essencial na prática clínica, utilizado para identificar infecções na corrente sanguínea e orientar o tratamento mais eficaz. Imagine a seguinte situação: Ana, uma jovem de 28 anos, chega ao hospital com febre alta, calafrios e fraqueza. O médico suspeita de uma infecção grave, possivelmente uma bacteremia, que pode evoluir para sepse, uma condição potencialmente fatal. Para confirmar o diagnóstico e definir o melhor tratamento, ele solicita uma hemocultura com antibiograma.

O exame começa com a coleta de sangue, geralmente de duas a três amostras de diferentes veias, para aumentar a chance de detectar microrganismos. Cada amostra, com cerca de 10 mL, é colocada em frascos com meios de cultura que favorecem o crescimento de bactérias aeróbias e anaeróbias. Esses frascos são incubados em equipamentos automatizados, como o BD Bactec™, que monitora o crescimento microbiano por até cinco dias. No caso de Ana, após 24 horas, o sistema detecta crescimento bacteriano em um dos frascos.

O próximo passo é identificar o microrganismo. Uma alíquota do frasco positivo é retirada para realizar a coloração de Gram, que revela, por exemplo, bacilos Gram-negativos. Em seguida, sistemas automatizados como o BD Phoenix™ identificam a bactéria – no caso de Ana, Klebsiella pneumoniae – e realizam o antibiograma. Esse teste de sensibilidade avalia a suscetibilidade da bactéria a diversos antibióticos, como ampicilina, ceftriaxone e imipenem, indicando quais são eficazes. Para Ana, o antibiograma mostrou resistência a ampicilina, mas sensibilidade a imipenem, permitindo ao médico ajustar o tratamento, que inicialmente era empírico, para uma terapia direcionada.

Esse processo é crucial, pois infecções na corrente sanguínea, como as causadas por Staphylococcus aureus ou Pseudomonas aeruginosa, podem ser graves, especialmente em pacientes imunocomprometidos. A hemocultura não apenas confirma a presença de microrganismos, mas também ajuda a evitar o uso indiscriminado de antibióticos, contribuindo para a gestão responsável de antimicrobianos e reduzindo o risco de resistência bacteriana.

Porém, o exame tem limitações. A sensibilidade depende do volume de sangue coletado e do momento da coleta – se o paciente já estiver usando antibióticos, o crescimento bacteriano pode ser inibido, levando a resultados falso-negativos. Além disso, microrganismos fastidiosos, como algumas bactérias anaeróbias, podem ser difíceis de cultivar. Apesar disso, a hemocultura com antibiograma permanece como o padrão-ouro para o diagnóstico de bacteremia, oferecendo informações críticas para salvar vidas, como no caso de Ana, que, com o tratamento ajustado, apresentou melhora significativa em poucos dias.


Comentários

Postagens mais visitadas