Hemocultura para fungos (Fungemia)

Hemocultura para fungos
 (Fungemia)



A hemocultura para fungos é um exame vital no diagnóstico de fungemia, uma infecção fúngica na corrente sanguínea que pode representar um desafio clínico significativo. Vamos acompanhar o caso de João, um homem de 45 anos com histórico de diabetes e uso prolongado de antibióticos devido a uma infecção pulmonar recente. Após semanas de tratamento, ele começou a apresentar febre persistente, fadiga intensa e lesões cutâneas avermelhadas, sugerindo algo além de uma infecção bacteriana comum. Preocupado, o médico solicitou uma hemocultura específica para fungos, suspeitando de uma complicação grave.

O processo inicia-se com a coleta de sangue, realizada em condições rigorosas de assepsia para evitar contaminação. São coletadas duas a três amostras de 10 mL cada, distribuídas em frascos especiais com meios de cultura enriquecidos, como os sistemas de hemocultura mista (ex.: BD Bactec™ Plus Aerobic/F), que suportam o crescimento de fungos, incluindo leveduras e filamentosos. Esses frascos são incubados por até 30 dias em equipamentos automatizados, pois o crescimento fúngico é mais lento que o bacteriano. No caso de João, após cinco dias, o sistema detectou sinais de crescimento, indicando a presença de um fungo.

A identificação segue com a análise da amostra positiva. Uma alíquota é submetida à coloração de Gram e a técnicas específicas, como a coloração com Calcofluor White, que revela estruturas fúngicas sob microscópio de fluorescência. Em seguida, métodos como o VITEK® 2 ou MALDI-TOF MS identificaram Candida albicans como o agente causador na amostra de João. Essa espécie é comum em fungemias, especialmente em pacientes imunocomprometidos ou sob uso prolongado de antibióticos, que alteram a flora normal e favorecem o crescimento fúngico.

A gravidade da fungemia reside em sua potencialidade de disseminação para órgãos como fígado, rins e cérebro, levando a uma condição chamada candidíase invasiva. Para João, o diagnóstico precoce foi crucial. O médico, com base no resultado, iniciou tratamento com fluconazol, ajustado após testes de sensibilidade que confirmaram a suscetibilidade do fungo. Esses testes avaliam a resposta do microrganismo a antifúngicos, como anfotericina B ou voriconazol, garantindo uma terapia direcionada.

Apesar de sua importância, a hemocultura para fungos tem desafios. A taxa de positividade é baixa (cerca de 50-70%) devido ao volume limitado de sangue coletado, à administração prévia de antifúngicos ou à natureza intermitente da fungemia. Fungos como Aspergillus ou Cryptococcus podem ser subdiagnosticados se não houver suspeita clínica específica ou se os meios de cultura não forem adequados. Além disso, a demora no crescimento exige paciência, mas a persistência vale a pena, como no caso de João, que, após duas semanas de tratamento, apresentou remissão dos sintomas.

Esse exame destaca a necessidade de vigilância em pacientes de risco, como os com cateteres, imunossupressão ou internações prolongadas. A hemocultura para fungos não apenas confirma o diagnóstico, mas também orienta o manejo, reduzindo a mortalidade associada à fungemia, que pode chegar a 40% em casos graves.



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