Manutenção preventiva dos equipamentos utilizados na fase pré-analítica (centrífugas, refrigeradores)

 Manutenção preventiva dos equipamentos utilizados
 na fase pré-analítica (centrífugas, refrigeradores)

A fase pré-analítica é considerada uma das mais críticas dentro do processo laboratorial, sendo responsável por cerca de 60% a 70% dos erros que podem comprometer a qualidade dos exames. Nesse contexto, a manutenção preventiva dos equipamentos utilizados nessa etapa, como centrífugas, refrigeradores, estufas e leitores de código de barras, é essencial para garantir a integridade das amostras, a segurança dos profissionais e a confiabilidade dos resultados. Mais do que uma exigência técnica, a manutenção preventiva é uma prática educativa, ética e estratégica que sustenta a excelência dos serviços laboratoriais.

Narrativamente, podemos imaginar a rotina de um laboratório clínico em um dia de grande volume de coletas. As amostras são devidamente identificadas, mas, ao serem processadas, a centrífuga apresenta falha mecânica por falta de manutenção. Com isso, várias amostras são comprometidas e precisam ser recolhidas, gerando retrabalho, desperdício de tempo e insatisfação por parte dos pacientes. Em outro cenário, um refrigerador que deveria manter as amostras a uma temperatura estável apresenta variação térmica não percebida, afetando a estabilidade de componentes laboratoriais sensíveis. Esses exemplos mostram que falhas nos equipamentos, muitas vezes evitáveis, têm impactos diretos na rotina, na credibilidade e nos custos do laboratório.

Sob a perspectiva científica e pedagógica, a manutenção preventiva consiste em um conjunto de ações sistemáticas realizadas com o objetivo de preservar o desempenho ideal dos equipamentos, evitar falhas inesperadas e prolongar sua vida útil. Envolve inspeções periódicas, calibrações, lubrificações, substituição de peças e testes de desempenho, todos realizados com base em cronogramas predefinidos e seguindo as orientações dos fabricantes e das normas técnicas, como a ISO 15189. Quando essa prática é incorporada ao sistema de gestão da qualidade do laboratório, os riscos operacionais diminuem significativamente.

Argumentativamente, investir em manutenção preventiva é investir em segurança, economia e eficiência. Primeiro, porque reduz o número de quebras e paradas inesperadas, evitando prejuízos decorrentes da interrupção das atividades. Segundo, porque contribui para a estabilidade dos processos e a confiabilidade dos resultados, especialmente em exames que exigem controle rigoroso de temperatura ou velocidade de centrifugação. Terceiro, porque demonstra responsabilidade institucional ao atender às exigências dos órgãos fiscalizadores e garantir que os exames sejam realizados em conformidade com padrões de qualidade e biossegurança. Além disso, os custos com manutenção corretiva e reposição de equipamentos danificados tendem a ser muito superiores aos da manutenção preventiva.

Do ponto de vista pedagógico, a manutenção preventiva deve ser entendida e valorizada por toda a equipe, especialmente pelos profissionais que operam os equipamentos no dia a dia. A formação continuada sobre o uso adequado, sinais de falha e importância da manutenção contribui para o desenvolvimento de uma cultura de prevenção, cuidado e responsabilidade técnica. O envolvimento da equipe também permite uma maior eficiência na detecção precoce de problemas e na comunicação com os responsáveis técnicos.

Para que a manutenção preventiva seja efetiva, é fundamental que o laboratório possua um plano estruturado, com cronograma de manutenção para cada equipamento, registro das intervenções realizadas, controle de calibradores e documentação acessível para auditorias. A parceria com empresas qualificadas para execução dos serviços e a adoção de sistemas informatizados de gestão de ativos também potencializam os resultados dessa prática.

A manutenção preventiva dos equipamentos utilizados na fase pré-analítica é um dos pilares fundamentais da qualidade laboratorial. Trata-se de uma ação que une técnica, gestão, ética e educação, promovendo a integridade das amostras, a segurança dos profissionais e a confiança dos pacientes. Ao adotar uma postura proativa e planejada, o laboratório assegura a continuidade dos seus processos com excelência, solidez e responsabilidade.



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