Registro das Temperaturas de Armazenamento
Registro das Temperaturas
de Armazenamento
O registro adequado das temperaturas de armazenamento é uma prática crítica e indispensável nos sistemas de saúde, na indústria farmacêutica e no setor de alimentos. Embora pareça um procedimento simples, o registro contínuo, preciso e documentado da temperatura está diretamente relacionado à segurança, eficácia e qualidade de produtos que exigem condições controladas, como vacinas, medicamentos termolábeis, insumos laboratoriais e alimentos perecíveis. Este controle rigoroso não apenas evita perdas econômicas e riscos sanitários, mas também resguarda a integridade da cadeia de suprimentos e a saúde da população.
No Brasil, órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o Ministério da Saúde e o Ministério da Agricultura regulamentam de forma precisa os processos de armazenamento e controle de temperatura. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 430/2020 da ANVISA, por exemplo, estabelece diretrizes claras para o transporte e armazenagem de produtos sob condições específicas de temperatura. Além disso, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) define, através da sua Rede de Frio, normas técnicas para o monitoramento e registro de temperaturas em unidades de saúde, especialmente para vacinas, que devem ser mantidas entre +2°C e +8°C.
O objetivo fundamental do registro da temperatura é garantir a rastreabilidade e a conformidade do armazenamento. Trata-se de um instrumento de controle da qualidade, capaz de fornecer evidências documentais de que o produto foi mantido dentro da faixa adequada durante toda sua permanência em um determinado ambiente. O descumprimento dessa prática pode comprometer a estabilidade do produto, tornando, ineficaz ou perigoso. Vacinas expostas a temperaturas inadequadas, por exemplo, perdem sua capacidade imunogênica, e medicamentos podem sofrer degradação química ou microbiológica.
A prática de registrar a temperatura deve ser sistemática e precisa. De acordo com as normas brasileiras e internacionais, o registro manual deve ser feito, no mínimo, duas vezes ao dia, geralmente no início e no fim do expediente. No entanto, métodos digitais e automatizados estão sendo cada vez mais adotados. Equipamentos como dataloggers, termômetros digitais com memória e sensores de temperatura integrados a sistemas informatizados permitem um monitoramento contínuo, com registro automático de dados e emissão de alertas em tempo real. Essa evolução tecnológica torna o processo mais seguro e confiável, minimizando erros humanos e possibilitando respostas rápidas em caso de desvios.
O local onde o sensor de temperatura é posicionado também é relevante. Ele deve ser colocado em uma área representativa da carga térmica, normalmente no centro do compartimento de armazenamento, e protegido contra contato direto com paredes ou ventilação forçada. O uso de frascos-teste contendo soluções glicólicas ou água também é recomendado para simular a temperatura real dos produtos armazenados, evitando leituras flutuantes por aberturas de porta ou variações ambientais momentâneas.
Todos os registros, sejam manuais ou eletrônicos, devem ser arquivados por um período mínimo recomendado de cinco anos, garantindo rastreabilidade e permitindo auditorias internas e externas. As informações devem incluir data, hora, temperatura registrada, nome do responsável e ações corretivas em caso de não conformidades. A ausência desses registros ou sua realização de forma inadequada pode ser interpretada como falha grave durante inspeções sanitárias.
Internacionalmente, organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Food and Drug Administration (FDA) reforçam a importância do registro de temperatura como componente central das Boas Práticas de Armazenamento (BPA) e das Boas Práticas de Distribuição (BPD). Em manuais técnicos e diretrizes, essas instituições recomendam a utilização de sistemas integrados de monitoramento, incluindo registros auditáveis, comunicação em tempo real e mecanismos de contingência para falhas energéticas ou de equipamento.
Cabe destacar que a eficácia do registro da temperatura não depende apenas da tecnologia empregada, mas sobretudo da conscientização e capacitação dos profissionais envolvidos. Equipes treinadas são capazes de interpretar os dados, agir diante de desvios e manter a documentação atualizada e precisa. Além disso, o comprometimento institucional é fundamental para garantir a manutenção periódica dos equipamentos, a calibração dos sensores e o cumprimento dos protocolos estabelecidos.
O registro das temperaturas de armazenamento transcende a rotina técnica e assume uma função estratégica no controle da qualidade e na garantia da segurança sanitária. Trata-se de um elo essencial entre a gestão de insumos sensíveis e a confiança da população nos serviços de saúde, na indústria alimentícia e farmacêutica. Ao investir em sistemas eficazes de registro e capacitação profissional, as instituições demonstram compromisso com a excelência, a prevenção de riscos e o fortalecimento das políticas de saúde pública e segurança do consumidor.
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