Utilização de Sistemas de Gerenciamento de Amostras (LIMS)
Utilização de Sistemas de
Gerenciamento de Amostras (LIMS)
No cenário atual da ciência, onde a rastreabilidade, a padronização e a integridade dos dados são fundamentais, os Sistemas de Gerenciamento de Informação Laboratorial (LIMS, Laboratory Information Management System) emergem como ferramentas indispensáveis para a gestão eficiente de amostras e informações laboratoriais. Esses sistemas informatizados oferecem soluções integradas para o controle do ciclo de vida das amostras, desde a sua coleta, recebimento, processamento, análise e arquivamento, até a emissão de relatórios e laudos. Sua utilização, amplamente difundida nos centros de excelência no Brasil e no mundo, é um marco de qualidade, segurança e eficiência nos laboratórios clínicos, farmacêuticos, ambientais e industriais.
Historicamente, o controle de amostras em laboratórios era feito de maneira manual, utilizando planilhas, fichas e registros físicos. Esse modelo, embora viável em pequenas operações, é limitado quanto à escalabilidade, à minimização de erros e à rastreabilidade das informações. Com o avanço da tecnologia da informação e a necessidade crescente por conformidade com normas nacionais e internacionais, como as da ANVISA, ISO 17025, FDA (Food and Drug Administration), EMA (European Medicines Agency) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) , os LIMS se consolidaram como ferramentas estratégicas para garantir integridade de dados (princípios ALCOA+), eficiência operacional e segurança nos processos laboratoriais.
Um dos principais benefícios da adoção de LIMS está na gestão automatizada das amostras. Cada amostra, ao ser registrada no sistema, recebe um identificador único que acompanha todo o seu percurso no laboratório. Isso garante total rastreabilidade, evitando extravios, trocas ou perdas, e assegurando que todos os dados analíticos estejam corretamente vinculados à amostra correta. Além disso, o sistema permite configurar alertas automáticos de vencimento de prazos de análise, de armazenamento, de necessidade de reanálise ou descarte, conforme protocolos previamente definidos.
O LIMS também contribui significativamente para a padronização dos procedimentos operacionais. Através da integração com os protocolos internos do laboratório (POPs), o sistema assegura que cada etapa do processamento da amostra seja realizada conforme os requisitos técnicos e regulatórios, promovendo uniformidade e minimizando falhas humanas. Com ele, é possível ainda automatizar tarefas como geração de etiquetas, emissão de laudos, liberação de resultados com validação eletrônica e integração com equipamentos analíticos e outros sistemas, como ERPs e softwares de controle de qualidade.
No contexto da acreditação e das boas práticas laboratoriais, o uso de LIMS é visto como um diferencial competitivo. A norma ISO/IEC 17025:2017, por exemplo, que rege a competência de laboratórios de ensaio e calibração, reconhece o valor do controle informatizado para garantir a rastreabilidade e a integridade dos dados gerados. O LIMS facilita auditorias internas e externas, pois mantém todos os registros em formato digital, com trilhas de auditoria (audit trail), controle de acesso e backup automático, alinhando-se aos princípios de governança de dados e segurança da informação.
Em laboratórios clínicos e de saúde pública, o uso de LIMS também tem impacto direto na segurança do paciente e na gestão da informação em larga escala. Em tempos de grandes campanhas de testagem, como durante a pandemia de COVID-19, a adoção desses sistemas permitiu maior agilidade no processamento de milhares de amostras diárias, integração com sistemas nacionais de notificação e redução significativa de erros.
No Brasil, diversas instituições públicas e privadas têm adotado LIMS como parte de sua estratégia de transformação digital, alinhando-se a tendências internacionais e às exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que reconhece e recomenda a digitalização como parte das boas práticas laboratoriais e farmacêuticas.
Portanto a utilização de sistemas LIMS representa não apenas uma modernização das rotinas laboratoriais, mas uma necessidade estratégica para garantir qualidade, confiabilidade, rastreabilidade e segurança em ambientes que lidam com grande volume de dados sensíveis. Ao integrar pessoas, processos e tecnologia, esses sistemas elevam o padrão das operações laboratoriais e consolidam-se como alicerces da excelência em saúde, pesquisa, controle de qualidade e inovação científica.
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