Antibiogramas automatizados - Vitek 2 x BD Phoenix
Os antibiogramas automatizados revolucionaram a microbiologia clínica ao oferecerem testes de suscetibilidade antimicrobiana (TSA) rápidos, precisos e padronizados, essenciais para orientar a terapia antimicrobiana e combater a resistência bacteriana. Sistemas como o VITEK 2 (bioMérieux) e o BD Phoenix (Becton Dickinson) são amplamente utilizados em laboratórios clínicos, integrando identificação bacteriana e TSA em plataformas automatizadas. Esses sistemas utilizam microdiluição em caldo, com cartões ou painéis contendo antibióticos em concentrações seriadas, para determinar a concentração inibitória mínima (CIM) de microrganismos.
O VITEK 2 é um sistema totalmente automatizado que realiza identificação bacteriana e TSA em cartões com 64 poços, contendo sustratos bioquímicos para identificação e antibióticos para TSA. Ele utiliza sensores ópticos para detectar crescimento bacteriano por turbidimetria ou fluorescência, processando resultados em 2 a 10 horas para bactérias e até 18 horas para leveduras. O sistema inclui o módulo Westgard Advisor para controle de qualidade e é compatível com normas CLSI e EUCAST, permitindo atualizações de pontos de corte de suscetibilidade. O VITEK 2 Compact, uma versão menor, é ideal para laboratórios com menor volume de amostras. Sua integração com sistemas de informação laboratorial (LIS) e a capacidade de detectar mecanismos de resistência, como β-lactamases de espectro estendido (BLEE) e carbapenemases, tornam-no versátil para Enterobacteriaceae, bacilos não fermentadores, estafilococos e enterococos.
O BD Phoenix, por sua vez, utiliza painéis com até 136 poços, combinando identificação e TSA por reações bioquímicas com sustratos cromogênicos e fluorescentes. Ele emprega turbidimetria e fluorescência para monitorar o crescimento bacteriano, com tempos de resposta médios de 6 a 16 horas. O Phoenix AP, um instrumento auxiliar, automatiza a preparação de suspensões bacterianas, reduzindo o tempo de manipulação manual em 50% (89,5 s por isolado versus 177,7 s manualmente). O sistema é eficaz na identificação de gram-negativos e gram-positivos, com alta sensibilidade para detectar resistências complexas, como carbapenemases KPC e metallo-β-lactamases, embora tenha limitações com OXA-48. Ambos os sistemas são aprovados pela FDA e seguem padrões CLSI, oferecendo relatórios epidemiológicos e suporte a programas de otimização de antimicrobianos (PROA).
Comparativamente, o VITEK 2 e o BD Phoenix apresentam desempenho semelhante na identificação bacteriana, com precisão de 97,6% e 97,7% a nível de gênero, e 88,8% e 92,5% a nível de espécie, respectivamente, conforme meta-análise de 44 estudos. Para gram-positivos, como Streptococcus pneumoniae, ambos mostram concordância essencial (EA) acima de 95% com métodos de referência, mas o Phoenix apresenta menos erros muito graves (VMEs) (1 versus 7 no VITEK 2). Para gram-negativos, o VITEK 2 é superior na identificação de gênero de bacilos não fermentadores, mas não em espécies. Na detecção de BLEE em Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, o VITEK 2 tem sensibilidade de 99,5% e especificidade de 80%, enquanto o Phoenix alcança 95,3% de sensibilidade e 100% de especificidade após ajustes por sistemas especialistas.
Em termos de tempo, o VITEK 2 é mais rápido, com resultados em 9,8 horas em média, contra 12,1 horas do Phoenix para S. pneumoniae. O VITEK 2 também requer menos manipulação manual (101 s por isolado versus 89,5 s com Phoenix AP), devido à automação do Smart Carrier Station. No entanto, o Phoenix AP compensa essa diferença ao reduzir significativamente o tempo de preparação. Estudos apontam que o VITEK 2 é mais eficiente em fluxos de trabalho com alto volume, enquanto o Phoenix é preferido em laboratórios que priorizam alta especificidade na detecção de resistências.
Os benefícios de ambos incluem rapidez, redução de erros humanos e integração com LIS, mas enfrentam desafios. O VITEK 2 pode apresentar falsos negativos na detecção de resistência induzível à clindamicina em Staphylococcus aureus (sensibilidade de 95% versus 100% do Phoenix). O Phoenix, embora mais específico, tem desempenho inferior com OXA-48 e requer maior investimento inicial. Custos de manutenção, treinamento e atualizações de software são barreiras comuns, especialmente em laboratórios de pequeno porte. A escolha entre os sistemas depende de fatores como volume de amostras, orçamento, suporte técnico e necessidades específicas, como detecção de resistências locais.
O VITEK 2 e o BD Phoenix são ferramentas robustas para antibiogramas automatizados, com desempenho comparável na identificação e TSA. O VITEK 2 destaca-se por sua rapidez e eficiência operacional, enquanto o Phoenix oferece maior especificidade na detecção de resistências. Ambos transformam a microbiologia clínica, mas a decisão de adoção deve considerar custos, infraestrutura e epidemiologia local.
Comentários
Postar um comentário