Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia de Amigdalectomia/Adenoidectomia

 Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia
 de Amigdalectomia/Adenoidectomia


A amigdalectomia e a adenoidectomia são procedimentos cirúrgicos comuns, especialmente em crianças, indicados para tratar condições como infecções recorrentes, obstrução respiratória ou apneia do sono associada à hipertrofia das amígdalas e/ou adenoides. Para garantir a segurança do paciente e minimizar riscos perioperatórios, uma avaliação pré-operatória completa, incluindo exames laboratoriais, é essencial. Esses exames ajudam a identificar condições que possam interferir na hemostasia, no controle de infecções ou na resposta à anestesia geral, frequentemente utilizada nesses procedimentos.

Hemograma Completo

O hemograma completo é um exame fundamental na avaliação pré-operatória, pois fornece informações sobre os componentes celulares do sangue. Em crianças, a contagem de glóbulos vermelhos e hemoglobina é essencial para descartar anemia, que pode comprometer a oxigenação durante a cirurgia ou aumentar a fadiga pós-operatória. A contagem de leucócitos ajuda a identificar infecções ativas, como amigdalites bacterianas ou virais, que podem contraindicar a cirurgia até sua resolução. Além disso, a contagem de plaquetas é crucial, pois valores baixos podem aumentar o risco de sangramentos, uma preocupação significativa na amigdalectomia devido à vascularização da região orofaríngea.

Coagulograma

O coagulograma, que inclui testes como tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e razão normalizada internacional (INR), é indispensável para avaliar a capacidade de coagulação. A amigdalectomia e a adenoidectomia apresentam risco de sangramento intra e pós-operatório, especialmente em crianças, que podem ter distúrbios de coagulação não diagnosticados, como a doença de von Willebrand. Esses exames ajudam a identificar alterações que possam requerer intervenção prévia, como reposição de fatores de coagulação ou adiamento do procedimento. Em alguns casos, a dosagem de fibrinogênio pode ser incluída para uma avaliação mais detalhada.

Glicemia de Jejum

A glicemia de jejum é recomendada para avaliar o estado metabólico da criança, especialmente em casos de suspeita de diabetes mellitus ou em pacientes com histórico de hipoglicemia. Alterações glicêmicas podem afetar a recuperação pós-operatória e aumentar o risco de complicações, como infecções ou desequilíbrios metabólicos durante a anestesia. Embora menos comum em crianças, o controle glicêmico é importante em pacientes com comorbidades ou obesidade, frequentemente associada à apneia do sono.

Função Renal e Eletrólitos

Exames que avaliam a função renal, como ureia e creatinina, e os níveis de eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) são importantes para garantir a segurança anestésica. Crianças com alterações renais podem ter dificuldade em metabolizar ou eliminar medicamentos anestésicos, enquanto desequilíbrios eletrolíticos podem predispor a arritmias ou convulsões durante o procedimento. Esses testes são particularmente relevantes em pacientes com doenças crônicas ou em uso de medicamentos que afetem a função renal.

Marcadores de Infecção e Inflamação

Embora não sejam rotineiros, exames como proteína C reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação (VHS) podem ser solicitados em crianças com histórico de infecções amigdalianas frequentes ou suspeita de processo inflamatório ativo. Esses marcadores ajudam a descartar infecções agudas que contraindiquem a cirurgia, reduzindo o risco de complicações como abscessos ou bacteremia pós-operatória.

Exames Complementares

Em situações específicas, outros exames podem ser necessários. Por exemplo, a tipagem sanguínea é recomendada em centros onde há risco de sangramento significativo, para facilitar transfusões, se necessário. Em crianças com suspeita de alergias graves ou reações adversas a medicamentos, testes de imunoglobulina E (IgE) específica podem ser considerados. Além disso, a avaliação de função tireoidiana pode ser indicada em pacientes com sintomas sugestivos de disfunção, que podem impactar a resposta à anestesia.

****

A avaliação pré-operatória para amigdalectomia e adenoidectomia em crianças deve ser meticulosa, com exames laboratoriais selecionados com base no histórico clínico e nas diretrizes cirúrgicas. O hemograma completo, coagulograma, glicemia de jejum, função renal e eletrólitos formam a base dessa avaliação, sendo complementados por testes específicos conforme a condição do paciente. Essa abordagem sistemática, aliada à anamnese detalhada e exames físicos, garante maior segurança, reduz complicações e promove uma recuperação mais eficaz, atendendo às necessidades específicas do público pediátrico.



Comentários

Postagens mais visitadas