Exames Laboratoriais Antes da Cirurgia Bariátrica
Exames Laboratoriais Antes
da Cirurgia Bariátrica
A cirurgia bariátrica, amplamente realizada no Brasil, um dos líderes mundiais nesse procedimento, é uma intervenção eficaz para o tratamento da obesidade grave e suas comorbidades, como diabetes tipo 2, hipertensão e apneia do sono. Para garantir a segurança do paciente e o sucesso do procedimento, uma avaliação pré-operatória abrangente, incluindo exames laboratoriais, é indispensável. Esses exames identificam condições que possam aumentar os riscos cirúrgicos, orientam o planejamento anestésico e preparam o paciente para as alterações metabólicas pós-operatórias.
Hemograma Completo
O hemograma completo é essencial para avaliar o estado hematológico do paciente. A obesidade está frequentemente associada a condições como anemia por deficiência de ferro ou vitamina B12, comuns em pacientes com dietas restritivas ou má absorção. A contagem de hemácias e hemoglobina ajuda a identificar anemia, que pode comprometer a oxigenação tecidual durante a cirurgia. Alterações nos leucócitos podem indicar processos inflamatórios ou infecciosos, que devem ser tratados antes do procedimento. A contagem de plaquetas é igualmente importante, pois valores anormais podem aumentar o risco de sangramentos ou tromboses, complicações relevantes em cirurgias de grande porte como a bariátrica.
Coagulograma
O coagulograma, que inclui tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e razão normalizada internacional (INR), avalia a função de coagulação. Pacientes obesos apresentam maior risco de eventos tromboembólicos, como trombose venosa profunda ou embolia pulmonar, devido à inflamação crônica e à estase venosa. Esses exames são cruciais para identificar distúrbios de coagulação, como trombofilias, que podem requerer profilaxia específica ou adiamento da cirurgia. Em alguns casos, a dosagem de dímero-D pode ser incluída para descartar trombose ativa.
Perfil Glicêmico
A glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (HbA1c) são fundamentais, especialmente porque muitos candidatos à cirurgia bariátrica têm diabetes tipo 2 ou resistência insulínica. O controle glicêmico inadequado aumenta o risco de infecções pós-operatórias, retarda a cicatrização e pode complicar a recuperação. A HbA1c reflete o controle glicêmico nos últimos três meses, permitindo ajustes terapêuticos antes da cirurgia. Esses exames são particularmente relevantes no Brasil, onde a prevalência de diabetes em pacientes obesos é significativa.
Função Hepática
Testes de função hepática, como alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), gama-glutamil transferase (GGT) e bilirrubinas, são essenciais devido à alta prevalência de esteatose hepática não alcoólica (EHNA) em pacientes obesos. Alterações hepáticas podem afetar o metabolismo de medicamentos anestésicos e analgésicos, além de aumentar o risco de complicações intraoperatórias. No contexto brasileiro, onde a EHNA é comum em candidatos à bariátrica, esses exames ajudam a estratificar o risco e planejar o manejo perioperatório.
Função Renal e Eletrólitos
Exames como ureia, creatinina e eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) avaliam a função renal e o equilíbrio eletrolítico. Alterações renais, frequentemente associadas à hipertensão ou diabetes, podem impactar a eliminação de medicamentos anestésicos. Desequilíbrios eletrolíticos, como hipopotassemia, podem predispor a arritmias cardíacas durante a cirurgia. Esses testes são cruciais para pacientes com comorbidades metabólicas, comuns em obesos mórbidos.
Perfil Lipídico
O perfil lipídico, incluindo colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos, é importante para avaliar o risco cardiovascular, que é elevado em pacientes obesos. Alterações lipídicas podem orientar intervenções pré-operatórias, como o uso de estatinas, e ajudar a prever complicações cardiovasculares no perioperatório.
Exames Complementares
Outros exames podem ser indicados com base no perfil do paciente. A dosagem de vitamina D é frequentemente solicitada, pois sua deficiência é comum em obesos e pode afetar a cicatrização óssea e a imunidade. Testes de função tireoidiana (TSH, T4 livre) são recomendados em pacientes com sintomas de hipotireoidismo, que pode impactar o metabolismo e a recuperação. A tipagem sanguínea é útil em cirurgias de maior risco hemorrágico, enquanto marcadores inflamatórios, como proteína C reativa (PCR), podem detectar processos inflamatórios subclínicos.
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A avaliação pré-operatória para cirurgia bariátrica requer uma abordagem sistemática, com exames laboratoriais que identifiquem riscos e otimizem o manejo perioperatório. Hemograma, coagulograma, perfil glicêmico, função hepática, renal e lipídica formam a base dessa avaliação, sendo complementados por testes específicos conforme as comorbidades do paciente. No Brasil, onde a cirurgia bariátrica é amplamente realizada, essa estratégia é essencial para garantir segurança e eficácia, promovendo melhores desfechos clínicos e qualidade de vida.
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