Exames Laboratoriais Antes das Cirurgias Sistema Musculoesquelético

 Exames Laboratoriais Antes das
Cirurgias Sistema Musculoesquelético


As cirurgias do sistema musculoesquelético, que abrangem uma ampla gama de procedimentos ortopédicos, como artroplastias (ex.: próteses de quadril ou joelho), correções de fraturas, artroscopias e cirurgias de coluna, são realizadas para tratar condições que afetam ossos, articulações, músculos e ligamentos. Para garantir a segurança do paciente e o sucesso do procedimento, uma avaliação pré-operatória detalhada, incluindo exames laboratoriais, é fundamental. Esses exames identificam condições que podem aumentar os riscos de complicações, como infecções, sangramentos ou problemas anestésicos, além de orientar o planejamento cirúrgico.

Hemograma Completo

O hemograma completo é um exame essencial para avaliar o estado hematológico do paciente. A contagem de hemácias e hemoglobina é crucial para detectar anemia, que pode comprometer a oxigenação tecidual durante a cirurgia, especialmente em procedimentos de grande porte, como artroplastias, que envolvem perdas sanguíneas significativas. Alterações nos leucócitos podem indicar infecções sistêmicas ou locais, como osteomielite, que contraindicam a cirurgia até sua resolução. A contagem de plaquetas é importante, pois valores baixos aumentam o risco de sangramentos, enquanto valores elevados podem predispor a eventos trombóticos, um risco relevante em pacientes imobilizados pós-cirurgia.

Coagulograma

O coagulograma, que inclui tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e razão normalizada internacional (INR), avalia a capacidade de coagulação. Esses exames são indispensáveis em cirurgias ortopédicas devido ao risco de sangramento intraoperatório, especialmente em procedimentos como artroplastia de quadril ou cirurgia de coluna. Pacientes com histórico de trombofilias ou em uso de anticoagulantes, como aspirina, requerem monitoramento rigoroso para evitar complicações hemorrágicas ou trombóticas, como trombose venosa profunda, comum no pós-operatório ortopédico.

Glicemia de Jejum e Hemoglobina Glicada

A glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (HbA1c) são recomendadas para avaliar o controle glicêmico, especialmente em pacientes com diabetes mellitus, uma comorbidade frequente em candidatos a cirurgias ortopédicas. O diabetes descontrolado aumenta o risco de infecções pós-operatórias, como infecções de sítio cirúrgico ou próteses, e retarda a cicatrização óssea e tecidual. A HbA1c reflete o controle glicêmico nos últimos meses, permitindo ajustes terapêuticos antes da cirurgia para minimizar complicações.

Função Renal e Eletrólitos

Exames como ureia, creatinina e eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) avaliam a função renal e o equilíbrio eletrolítico. Alterações renais, comuns em pacientes idosos ou com comorbidades como hipertensão, podem afetar a eliminação de medicamentos anestésicos e analgésicos. Desequilíbrios eletrolíticos, como hipopotassemia, podem predispor a arritmias, especialmente em cirurgias sob anestesia geral. Esses testes são cruciais para otimizar o estado do paciente, particularmente em procedimentos prolongados ou em pacientes com risco de insuficiência renal.

Função Hepática

Testes de função hepática, como alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e bilirrubinas, são indicados para avaliar a capacidade do fígado de metabolizar medicamentos utilizados no perioperatório. Alterações hepáticas, como as causadas por hepatite ou uso crônico de medicamentos, podem aumentar o risco de toxicidade medicamentosa ou sangramentos devido à redução de fatores de coagulação. Esses exames são particularmente relevantes em pacientes com histórico de doença hepática.

Exames Complementares

Outros exames podem ser necessários conforme o perfil do paciente. A dosagem de proteína C reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação (VHS) são úteis para descartar processos inflamatórios ou infecciosos ativos, como artrite reumatoide ou infecções ósseas, que contraindicam a cirurgia. A tipagem sanguínea é recomendada em procedimentos com maior risco de sangramento, como artroplastias, para facilitar transfusões. Em pacientes com suspeita de trombose venosa, a dosagem de dímero-D pode ser considerada. A dosagem de vitamina D pode ser incluída em cirurgias que envolvem consolidação óssea, como tratamento de fraturas, devido à sua influência na saúde óssea.

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A avaliação pré-operatória para cirurgias do sistema musculoesquelético exige uma abordagem sistemática, com exames laboratoriais que identifiquem riscos hematológicos, metabólicos, infecciosos e renais. Hemograma, coagulograma, glicemia, função renal e hepática formam a base dessa avaliação, sendo complementados por testes específicos conforme as condições do paciente. Essa estratégia, aliada à anamnese detalhada e exames de imagem, como radiografias ou ressonâncias, garante maior segurança, reduz complicações e promove melhores desfechos em procedimentos ortopédicos.



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