Exames Laboratoriais Antes de Cirurgias do Sistema Digestório, Órgãos Associados e Parede Abdominal


Exames Laboratoriais Antes de Cirurgias do
 Sistema Digestório, Órgãos Associados e Parede Abdominal



As cirurgias do sistema digestório, incluindo órgãos associados e paredes abdominais, como a colecistectomia para tratamento de cálculos biliares, são procedimentos comuns devido à alta prevalência de condições como colelitíase, pancreatite e hérnias abdominais. Para garantir a segurança do paciente e o sucesso cirúrgico, uma avaliação pré-operatória abrangente, com exames laboratoriais, é indispensável. Esses exames identificam condições que possam aumentar os riscos de complicações, como sangramentos, infecções ou disfunções metabólicas, além de orientar o planejamento anestésico e cirúrgico.

Hemograma Completo

O hemograma completo é um exame essencial para avaliar o estado hematológico do paciente. A contagem de hemácias e hemoglobina é crucial para detectar anemia, que pode comprometer a oxigenação tecidual durante a cirurgia, especialmente em procedimentos como colecistectomia, que podem envolver perdas sanguíneas. Alterações nos leucócitos podem indicar infecções, como colangite ou peritonite secundária a complicações de cálculos biliares, exigindo tratamento prévio. A contagem de plaquetas é importante, pois valores baixos aumentam o risco de sangramentos, enquanto valores elevados podem predispor a eventos trombóticos.

Função Hepática

Testes de função hepática, como alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), gama-glutamil transferase (GGT), fosfatase alcalina e bilirrubinas, são fundamentais em cirurgias como a colecistectomia, devido à relação direta com a vesícula biliar e o fígado. Alterações nesses marcadores podem indicar obstrução biliar, colangite ou hepatite, que aumentam o risco de complicações perioperatórias, como insuficiência hepática ou toxicidade medicamentosa. A dosagem de bilirrubina direta e indireta é particularmente útil para avaliar a presença de icterícia obstrutiva, comum em pacientes com cálculos impactados.

Coagulograma

O coagulograma, que inclui tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e razão normalizada internacional (INR), avalia a capacidade de coagulação. Esses exames são essenciais, pois o fígado produz fatores de coagulação, e disfunções hepáticas ou biliares podem levar a coagulopatias. Em cirurgias do sistema digestório, o risco de sangramento é elevado, especialmente em procedimentos como colecistectomia, onde a manipulação de tecidos vascularizados é comum. Pacientes com INR alterado podem requerer reposição de vitamina K ou adiamento da cirurgia.

Glicemia de Jejum e Hemoglobina Glicada

A glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (HbA1c) são recomendadas para avaliar o controle glicêmico, especialmente em pacientes com diabetes, uma comorbidade frequente em indivíduos com colelitíase. O diabetes descontrolado aumenta o risco de infecções pós-operatórias, como abscessos abdominais, e retarda a cicatrização. A HbA1c reflete o controle glicêmico nos últimos meses, permitindo ajustes terapêuticos antes da cirurgia para minimizar complicações.

Função Renal e Eletrólitos

Exames como ureia, creatinina e eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) avaliam a função renal e o equilíbrio eletrolítico. Alterações renais, que podem surgir em casos de desidratação ou sepse secundária a complicações biliares, afetam a eliminação de medicamentos anestésicos. Desequilíbrios eletrolíticos, como hipopotassemia, podem predispor a arritmias, especialmente em cirurgias sob anestesia geral. Esses testes são cruciais para pacientes com comorbidades metabólicas ou idosos.

Exames Complementares

Outros exames podem ser indicados com base no perfil clínico. A dosagem de amilase e lipase é recomendada em pacientes com suspeita de pancreatite associada a cálculos biliares, para avaliar a função pancreática. Marcadores inflamatórios, como proteína C reativa (PCR), ajudam a identificar processos infecciosos ou inflamatórios ativos, como colangite aguda. A tipagem sanguínea é útil em cirurgias com potencial de sangramento significativo, como colecistectomias abertas, para facilitar transfusões. Em pacientes com histórico de trombose, a dosagem de dímero-D pode ser considerada.

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A avaliação pré-operatória para cirurgias do sistema digestório, como a colecistectomia, exige uma abordagem sistemática, com exames laboratoriais que identifiquem riscos hematológicos, hepáticos, metabólicos e infecciosos. Hemograma, função hepática, coagulograma, glicemia e função renal formam a base dessa avaliação, sendo complementados por testes específicos conforme as condições do paciente. Essa estratégia, aliada à anamnese detalhada e exames de imagem, como ultrassonografia abdominal, garante maior segurança, reduz complicações e promove melhores desfechos em procedimentos digestivos e abdominais.

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