Exames Laboratoriais Antes de Cirurgias do Aparelho Visual
Exames Laboratoriais Antes
de Cirurgias do Aparelho Visual
As cirurgias do aparelho visual, como a cirurgia de catarata, uma das mais realizadas para restaurar a visão em pacientes com opacidade do cristalino, são procedimentos de alta precisão que requerem uma avaliação pré-operatória cuidadosa. Embora essas cirurgias sejam geralmente de baixo risco e realizadas sob anestesia local ou tópica, exames laboratoriais são essenciais para identificar condições que possam aumentar complicações perioperatórias, como infecções, sangramentos ou reações adversas à anestesia.
Hemograma Completo
O hemograma completo é um exame fundamental para avaliar o estado hematológico do paciente. A contagem de hemácias e hemoglobina é crucial para detectar anemia, que, embora menos impactante em cirurgias oculares devido ao baixo risco de sangramento, pode afetar a recuperação geral do paciente, especialmente em idosos, que são a maioria dos candidatos à cirurgia de catarata. Alterações nos leucócitos podem indicar infecções sistêmicas ou locais, como conjuntivite ou blefarite, que devem ser tratadas antes do procedimento para reduzir o risco de endoftalmite, uma complicação grave. A contagem de plaquetas é importante para avaliar o risco de sangramentos, especialmente em cirurgias combinadas ou em pacientes com histórico de distúrbios hematológicos.
Glicemia de Jejum e Hemoglobina Glicada
A glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (HbA1c) são exames essenciais, dado que o diabetes mellitus é uma comorbidade comum em pacientes com catarata. O diabetes descontrolado aumenta o risco de infecções pós-operatórias, como endoftalmite, e pode retardar a cicatrização corneana. A HbA1c fornece uma visão do controle glicêmico nos últimos meses, permitindo ajustes terapêuticos antes da cirurgia. Esses exames são particularmente relevantes, pois o controle glicêmico inadequado pode comprometer os resultados visuais e a recuperação.
Coagulograma
O coagulograma, que inclui tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e razão normalizada internacional (INR), avalia a capacidade de coagulação. Embora as cirurgias oculares, como a de catarata, apresentem baixo risco de sangramento, esses exames são importantes em pacientes com histórico de distúrbios de coagulação ou em uso de anticoagulantes, como aspirina ou varfarina, comuns em idosos com doenças cardiovasculares. Alterações no coagulograma podem exigir ajustes na medicação ou medidas adicionais para minimizar complicações hemorrágicas, como hemorragia no segmento anterior.
Função Renal e Eletrólitos
Exames como ureia, creatinina e eletrólitos (sódio, potássio, cálcio) avaliam a função renal e o equilíbrio eletrolítico. Embora a anestesia local seja predominante em cirurgias de catarata, alterações renais podem afetar a eliminação de medicamentos sedativos ou antibióticos usados no perioperatório. Desequilíbrios eletrolíticos, como hipopotassemia, podem predispor a arritmias em pacientes com comorbidades cardiovasculares, especialmente em cirurgias mais complexas, como vitrectomia. Esses testes são cruciais para pacientes idosos ou com doenças crônicas.
Função Hepática
Testes de função hepática, como alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e bilirrubinas, são indicados para avaliar a capacidade do fígado de metabolizar medicamentos utilizados no perioperatório, como antibióticos profiláticos ou analgésicos. Alterações hepáticas, embora menos comuns, podem aumentar o risco de toxicidade medicamentosa, especialmente em pacientes com hepatopatia preexistente.
Exames Complementares
Em casos específicos, outros exames podem ser necessários. A dosagem de proteína C reativa (PCR) pode ajudar a descartar processos inflamatórios ou infecciosos ativos, que contraindicam a cirurgia devido ao risco de infecção intraocular. Em pacientes com suspeita de infecções oculares preexistentes, culturas de secreções conjuntivais podem ser realizadas para orientar a antibioticoterapia. A tipagem sanguínea é raramente necessária, mas pode ser considerada em cirurgias mais invasivas, como transplante de córnea, com maior risco de sangramento. Em pacientes com doenças autoimunes ou sistêmicas, testes como anticorpos antinucleares (ANA) podem ser indicados para avaliar condições que afetem a resposta cirúrgica.
****
A avaliação pré-operatória para cirurgias do aparelho visual, como a de catarata, requer uma abordagem sistemática, com exames laboratoriais que identifiquem riscos hematológicos, metabólicos e infecciosos. Hemograma, glicemia, coagulograma, função renal e hepática formam a base dessa evaluación, sendo complementados por testes específicos conforme o perfil do paciente. Essa estratégia, aliada à anamnese detalhada e exames oftalmológicos, garante maior segurança, reduz complicações e promove melhores desfechos visuais, especialmente em procedimentos de alta prevalência como a cirurgia de catarata.
Comentários
Postar um comentário