Os 25 principais exames laboratoriais para o diagnostico da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

 Os 25 principais exames laboratoriais para o diagnostico da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica




A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória crônica caracterizada por obstrução progressiva e irreversível do fluxo aéreo, frequentemente associada ao tabagismo, exposição a poluentes ambientais ou fatores genéticos, como a deficiência de alfa-1 antitripsina. 

O diagnóstico de DPOC clínico e espirométrico, portanto os exames laboratoriais desempenham um papel crucial na avaliação complementar, exclusão de diagnósticos diferenciais e identificação de comorbidades ou complicações.

Hemograma Completo

O hemograma completo é frequentemente solicitado em pacientes com suspeita de DPOC para avaliar alterações hematológicas. A policitemia secundária, caracterizada por aumento de hemácias, hemoglobina e hematócrito, pode ocorrer devido à hipóxia crônica, comum em estágios avançados da doença. Leucocitose pode indicar infecções respiratórias agudas, como exacerbações de DPOC, enquanto eosinofilia pode sugerir um fenótipo inflamatório atópico ou asma-DPOC sobreposta (ACO).

Gasometria Arterial

A gasometria arterial é essencial para avaliar o status respiratório em pacientes com DPOC moderada a grave. Ela mede a pressão parcial de oxigênio (PaO₂), dióxido de carbono (PaCO₂) e o pH, ajudando a identificar hipoxemia, hipercapnia e acidose respiratória. É particularmente útil em exacerbações agudas ou para determinar a necessidade de oxigenoterapia.

Proteína C-Reativa (PCR)

A PCR é um marcador inflamatório inespecífico que eleva-se durante exacerbações de DPOC, especialmente em infecções bacterianas. Níveis elevados podem orientar a decisão por antibioticoterapia e ajudar a diferenciar exacerbações infecciosas de causas não infecciosas.

Procalcitonina

A procalcitonina é um biomarcador mais específico para infecções bacterianas. Seu uso em DPOC é promissor para guiar a antibioticoterapia em exacerbações, reduzindo o uso desnecessário de antibióticos e minimizando resistência bacteriana.

Alfa-1 Antitripsina

A deficiência de alfa-1 antitripsina é uma causa genética rara de DPOC, particularmente em pacientes jovens ou com história familiar. A dosagem sérica desse inibidor de protease é recomendada em pacientes com DPOC diagnosticada antes dos 45 anos ou com enfisema predominante no lobo inferior.

Contagem de Eosinófilos

A contagem de eosinófilos no sangue periférico é relevante para identificar pacientes com DPOC que podem se beneficiar de corticosteroides inalatórios. Níveis acima de 300 células/µL sugerem um fenótipo eosinofílico, associado a melhor resposta a esses medicamentos.

Dímero-D

O dímero-D é utilizado para avaliar o risco de tromboembolismo pulmonar (TEP), uma complicação potencial em pacientes com DPOC, especialmente durante exacerbações. Níveis normais têm alto valor preditivo negativo, ajudando a excluir TEP em casos de dispneia aguda.

Troponina

Níveis elevados de troponina podem indicar lesão miocárdica, como infarto agudo do miocárdio, que é uma comorbidade comum em pacientes com DPOC devido ao risco cardiovascular elevado. É útil em exacerbações com sintomas atípicos, como dor torácica.

 Peptídeo Natriurético Tipo B (BNP)

O BNP é um marcador de insuficiência cardíaca, frequentemente coexistente com DPOC. Sua dosagem ajuda a diferenciar dispneia de origem cardíaca de exacerbações de DPOC, especialmente em pacientes com histórico de doenças cardiovasculares.

Eletrólitos (Sódio e Potássio)

Alterações eletrolíticas, como hiponatremia ou hipercalemia, podem ocorrer em pacientes com DPOC devido ao uso de diuréticos ou corticosteroides. Esses exames são importantes no manejo de comorbidades e efeitos adversos de tratamentos.

Glicemia

A hiperglicemia é comum em pacientes com DPOC devido ao uso de corticosteroides sistêmicos durante exacerbações. A monitorização da glicemia é essencial para evitar complicações metabólicas.

Função Renal (Creatinina e Ureia)

A avaliação da função renal é importante para monitorar a segurança de medicamentos, como aminoglicosídeos ou diuréticos, usados em exacerbações ou comorbidades. Insuficiência renal pode também ser uma complicação em casos graves.

Função Hepática (TGO, TGP, GGT, FA)

Testes de função hepática ajudam a identificar disfunções associadas a medicamentos, como corticosteroides ou antibióticos, e a avaliar comorbidades, como doença hepática gordurosa, comum em pacientes com DPOC.

Hemocultura

Em exacerbações graves, hemoculturas são indicadas para identificar bacteremia, especialmente em pacientes com febre ou sinais de sepse. A identificação do patógeno orienta a antibioticoterapia.

Cultura de Escarro

A cultura de escarro é usada para identificar patógenos bacterianos ou fúngicos em exacerbações de DPOC. É particularmente útil em pacientes com infecções recorrentes ou resistência antimicrobiana.

Painel Viral Respiratório

Testes moleculares para vírus respiratórios, como influenza ou vírus sincicial respiratório, são úteis em exacerbações para descartar infecções virais como causa primária, especialmente em períodos epidêmicos.

IgE Total

Níveis elevados de IgE podem indicar um componente alérgico ou atópico, útil para diferenciar DPOC de asma ou síndrome de sobreposição asma-DPOC.

pH do Escarro

A análise do pH do escarro pode fornecer informações sobre a inflamação brônquica, embora seja menos comum na prática clínica. Valores baixos podem indicar inflamação persistente.

Lactato Desidrogenase (LDH)

O LDH pode estar elevado em casos de hipóxia tecidual ou comorbidades, como infecções ou malignidades. É um marcador inespecífico, mas útil em avaliações amplas.

Ferritina

A ferritina pode estar elevada em processos inflamatórios crônicos ou anemia associada à DPOC. Sua dosagem ajuda a avaliar o status inflamatório e a necessidade de suplementação de ferro.

Transferrina e Saturação de Transferrina

Esses exames complementam a avaliação do metabolismo do ferro, que pode ser alterado em pacientes com DPOC devido à inflamação crônica ou hipóxia.

 Vitamina D

A deficiência de vitamina D é comum em pacientes com DPOC e está associada a maior gravidade da doença e risco de exacerbações. A dosagem sérica orienta a suplementação.

Marcadores de Estresse Oxidativo

Embora não sejam rotineiramente utilizados, marcadores como malondialdeído ou 8-isoprostano podem ser avaliados em pesquisas para entender o papel do estresse oxidativo na progressão da DPOC.

Interleucinas (IL-6, IL-8)

Citocinas inflamatórias, como IL-6 e IL-8, estão elevadas em pacientes com DPOC, refletindo a inflamação sistêmica. Sua dosagem é mais comum em estudos clínicos do que na prática diária.

Testes Genéticos

Além da alfa-1 antitripsina, testes genéticos para polimorfismos associados à suscetibilidade à DPOC (como genes MMP ou SERPINA1) estão em investigação, mas ainda não são amplamente utilizados na clínica.


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Os exames laboratoriais no diagnóstico e manejo da DPOC são ferramentas complementares à espirometria e à avaliação clínica. O hemograma, gasometria arterial, PCR, procalcitonina e alfa-1 antitripsina são fundamentais para confirmar o diagnóstico, avaliar gravidade e orientar o tratamento. Outros exames, como dímero-D, troponina e BNP, ajudam a excluir diagnósticos diferenciais e gerenciar comorbidades. Biomarcadores inflamatórios e testes genéticos, embora promissores, ainda têm uso limitado na prática clínica, mas são áreas de pesquisa ativa. A escolha dos exames deve ser individualizada, considerando o quadro clínico, a gravidade da doença e a presença de exacerbações ou comorbidades. Diretrizes como as da GOLD enfatizam a integração desses exames com a história clínica e funcional para otimizar o diagnóstico e o manejo da DPOC.



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