Os 25 principais exames laboratoriais para o diagnostico Hipertensão Arterial
Os 25 principais exames laboratoriais para o diagnostico de Hipertensão Arterial
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis pressóricos elevados, associada a complicações cardiovasculares, renais e cerebrovasculares. Considerada um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares, seu diagnóstico e manejo dependem não apenas da aferição da pressão arterial, mas também de uma avaliação laboratorial abrangente
O hemograma pode revelar alterações como policitemia (aumento de hemácias), que pode elevar a viscosidade sanguínea e agravar a hipertensão, ou anemia, que pode estar associada a doença renal crônica (DRC).
Glicemia de Jejum e Hemoglobina Glicada (HbA1c)
A resistência à insulina e o diabetes mellitus são frequentemente associados à hipertensão. A HbA1c auxilia no diagnóstico de diabetes e no monitoramento do controle glicêmico.
Perfil Lipídico (Colesterol Total, LDL, HDL, Triglicerídeos)
A dislipidemia é um fator de risco cardiovascular importante em hipertensos. Níveis elevados de LDL e triglicerídeos, associados a HDL baixo, aumentam o risco de aterosclerose.
Ureia e Creatinina Sérica
Avaliam a função renal, pois a hipertensão não controlada pode levar à injúria renal, e a doença renal crônica (DRC) é tanto causa quanto consequência da HAS.
Taxa de Filtração Glomerular (TFG)
Calculada a partir da creatinina, idade, sexo e raça, a TFG é essencial para classificar a função renal e estratificar o risco cardiovascular
Eletrólitos (Sódio, Potássio, Cálcio, Magnésio)
Hipocalemia (K⁺ baixo): Pode indicar hiperaldosteronismo primário ou uso de diuréticos.
Hipercalemia (K⁺ alto): Pode ocorrer em insuficiência renal ou uso de bloqueadores do sistema renina-angiotensina (IECA/BRAs).
Cálcio e Magnésio: Alterações podem estar associadas a distúrbios endócrinos (ex.: hiperparatireoidismo).
Ácido Úrico
A hiperuricemia está associada à hipertensão e à síndrome metabólica, podendo ser um marcador de resistência à insulina e nefropatia.
Exame de Urina Tipo 1
A proteinúria ou microalbuminúria são marcadores precoces de lesão renal em hipertensos. A presença de hematúria pode indicar doença glomerular.
Microalbuminúria (Urina de 24h ou Razão Albumina/Creatinina)
Um dos primeiros sinais de nefropatia hipertensiva, útil para estratificação de risco e monitoramento da doença renal.
Dosagem de Renina e Aldosterona
Importantes na investigação de hipertensão secundária, como hiperaldosteronismo primário (aldosterona elevada e renina baixa) ou estenose de artéria renal (renina elevada).
Cortisol Livre Urinário e Teste de Supressão com Dexametasona
Avaliam a presença de síndrome de Cushing, uma causa endócrina de hipertensão.
Catecolaminas Urinárias (Metanefrinas e Normetanefrinas)
Essenciais para o diagnóstico de feocromocitoma, um tumor produtor de catecolaminas que causa hipertensão paroxística.
TSH e T4 Livre
O hipotireoidismo e o hipertireoidismo podem influenciar a pressão arterial, sendo necessária sua avaliação em casos selecionados.
Dosagem de PTH (Paratormônio)
O hiperparatireoidismo primário pode causar hipercalcemia e hipertensão.
Proteína C Reativa (PCR) Ultrasensível
Marcador de inflamação sistêmica associado ao risco cardiovascular aumentado em hipertensos.
Peptídeo Natriurético Tipo B (BNP/NT-proBNP)
Auxilia no diagnóstico de insuficiência cardíaca, uma complicação comum da hipertensão não controlada.
Troponina Cardíaca (hs-TnT ou hs-TnI)
Pode indicar lesão miocárdica subclínica em pacientes hipertensos com alto risco cardiovascular.
Homocisteína
Níveis elevados estão associados a maior risco de doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral (AVC).
Teste de Função Hepática (TGO, TGP, GGT, Bilirrubinas)
A esteatose hepática e a síndrome metabólica frequentemente coexistem com a hipertensão.
Sorologia para Vírus da Hepatite B e C
Hepatites crônicas podem estar associadas a vasculites e hipertensão portal, influenciando o manejo.
Teste de Gravidez (β-hCG)
A hipertensão gestacional e a pré-eclâmpsia são condições específicas que requerem monitoramento laboratorial diferenciado.
A hipertensão gestacional e a pré-eclâmpsia são condições específicas que requerem monitoramento laboratorial diferenciado.
Anticorpo Antinuclear (FAN) e ANCA
Úteis na investigação de doenças autoimunes (ex.: lúpus, vasculites) que podem cursar com hipertensão secundária.
Dosagem de Testosterona (em homens)
O hipogonadismo masculino está associado à resistência à insulina e maior risco cardiovascular.
24. Vitamina D
A deficiência de vitamina D tem sido associada à disfunção endotelial e maior risco de hipertensão.
Rastreamento de Apneia Obstrutiva do Sono (Polissonografia Indiretamente Relacionada)
Embora não seja um exame laboratorial, a apneia do sono está fortemente associada à hipertensão resistente e requer investigação complementar.
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A abordagem laboratorial da hipertensão arterial deve ser individualizada, considerando fatores como idade, presença de comorbidades e suspeita de causas secundárias. Exames como dosagem de potássio, creatinina e microalbuminúria são essenciais para avaliar dano orgânico, enquanto a renina, aldosterona e catecolaminas são cruciais na investigação de hipertensão secundária.
A estratificação de risco cardiovascular deve incluir perfil lipídico, glicemia e marcadores de inflamação (PCR-us). Além disso, a detecção precoce de lesão renal (proteinúria, TFG reduzida) e cardíaca (BNP, troponina) permite intervenções precoces, reduzindo complicações.
A integração entre dados clínicos, pressóricos e laboratoriais é fundamental para o manejo personalizado da hipertensão, melhorando desfechos e reduzindo morbimortalidade cardiovascular.
Referências
Williams, B., et al. *2018 ESC/ESH Guidelines for the management of arterial hypertension*. Eur Heart J. 2018.
Whelton, P. K., et al. *2017 ACC/AHA/AAPA/ABC/ACPM/AGS/APhA/ASH/ASPC/NMA/PCNA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults*. Hypertension. 2018.
Mancia, G., et al. Etiology and pathophysiology of hypertension. J Hypertens. 2020.
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