Os 25 principais exames laboratoriais para o diagnostico da depressão
Os 25 principais exames laboratoriais para o diagnostico da depressão
A depressão, ou transtorno depressivo maior (TDM), é uma condição psiquiátrica prevalente caracterizada por sintomas como tristeza persistente, perda de interesse, alterações no sono, apetite e energia, além de ideação suicida em casos graves. Embora o diagnóstico seja primariamente clínico, baseado em critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5) ou da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), exames laboratoriais desempenham um papel crucial na exclusão de condições médicas que mimetizam ou contribuem para sintomas depressivos, na avaliação de comorbidades e no monitoramento de tratamentos.
1. Hemograma Completo
O hemograma completo é frequentemente solicitado para descartar condições como anemia (baixa contagem de hemácias ou hemoglobina) ou infecções crônicas (leucocitose ou leucopenia), que podem causar fadiga e sintomas semelhantes à depressão. A anemia por deficiência de ferro ou vitamina B12, por exemplo, é uma causa tratável de sintomas depressivos.
2. Ferritina
A ferritina reflete os estoques de ferro no organismo. Baixos níveis estão associados à anemia ferropriva, que pode contribuir para fadiga, dificuldade de concentração e humor deprimido, sintomas frequentemente confundidos com depressão.
3. Transferrina e Saturação de Transferrina
Esses exames complementam a avaliação do metabolismo do ferro. Alterações podem indicar anemia ou inflamação crônica, que podem coexistir com depressão ou mimetizar seus sintomas.
4. Vitamina B12
A deficiência de vitamina B12 pode causar sintomas neuropsiquiátricos, incluindo depressão, confusão mental e fadiga. A dosagem sérica é essencial, especialmente em pacientes idosos ou com sintomas neurológicos.
5. Ácido Fólico
Baixos níveis de folato estão associados a sintomas depressivos e pior resposta a antidepressivos. A dosagem de ácido fólico é recomendada para descartar deficiências nutricionais.
6. Vitamina D
A deficiência de 25-hidroxivitamina D é prevalente em pacientes com depressão e está associada a maior gravidade dos sintomas. Estudos sugerem que a suplementação pode melhorar o humor em alguns casos, tornando esse exame relevante.
7. Hormônios Tireoidianos (TSH, T3, T4)
O hipotireoidismo pode apresentar sintomas como letargia, ganho de peso e humor deprimido, mimetizando depressão. A dosagem de TSH, T3 livre e T4 livre é essencial para descartar disfunções tireoidianas.
8. Cortisol
Alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) são comuns na depressão. Níveis elevados de cortisol, especialmente em testes como o de supressão com dexametasona, podem indicar hiperatividade do eixo HPA, embora esse exame seja mais comum em pesquisa.
9. Proteína C-Reativa (PCR)
A PCR é um marcador de inflamação sistêmica. Níveis elevados estão associados à depressão, particularmente em subtipos inflamatórios. Esse exame ajuda a identificar pacientes que podem se beneficiar de terapias anti-inflamatórias.
10. Interleucinas (IL-6, IL-1β)
Citocinas pró-inflamatórias, como IL-6 e IL-1β, estão elevadas em alguns pacientes com depressão, refletindo um estado inflamatório crônico. Embora úteis em pesquisa, seu uso clínico ainda é limitado.
11. Fator de Necrose Tumoral (TNF-α)
O TNF-α, outra citocina inflamatória, está associado à depressão em contextos de inflamação sistêmica. Sua dosagem é mais comum em estudos do que na prática clínica.
12. Glicemia de Jejum
Alterações na glicemia, como hiperglicemia, podem estar associadas a diabetes tipo 2, uma comorbidade comum em pacientes com depressão. A glicemia é importante para avaliar o risco metabólico, especialmente em pacientes usando antipsicóticos ou antidepressivos.
13. Hemoglobina Glicada (HbA1c)
A HbA1c é usada para monitorar o controle glicêmico a longo prazo. Como o diabetes está associado à depressão, esse exame é relevante para avaliar comorbidades metabólicas.
14. Perfil Lipídico
Alterações nos níveis de colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos são comuns em pacientes com depressão, especialmente aqueles em uso de medicamentos psiquiátricos. O perfil lipídico ajuda a monitorar o risco cardiovascular.
15. Função Hepática (TGO, TGP, GGT, FA)
Testes de função hepática são importantes para monitorar efeitos adversos de antidepressivos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) ou tricíclicos, que podem causar hepatotoxicidade.
16. Função Renal (Creatinina, Ureia)
A função renal deve ser avaliada antes e durante o uso de medicamentos como lítio, que podem causar nefrotoxicidade. Alterações renais também podem contribuir para sintomas de fadiga.
17. Eletrólitos (Sódio, Potássio, Cálcio)
Desequilíbrios eletrolíticos, como hiponatremia induzida por ISRS, são complicações potenciais no tratamento da depressão. A monitorização é essencial em pacientes idosos ou com comorbidades.
18. Magnésio
Baixos níveis de magnésio estão associados a sintomas depressivos e fadiga. A dosagem sérica pode orientar a suplementação, embora a evidência seja limitada.
19. Homocisteína
Níveis elevados de homocisteína estão associados à depressão e a deficiências de vitamina B12 ou folato. Esse exame pode ajudar a identificar causas metabólicas subjacentes.
20. Testosterona
Em homens, níveis baixos de testosterona podem contribuir para sintomas depressivos, como baixa energia e libido reduzida. A dosagem é indicada em casos de depressão resistente ou com sintomas específicos.
21. Estradiol
Em mulheres, alterações nos níveis de estradiol, especialmente na perimenopausa ou pós-parto, podem estar associadas à depressão. Esse exame é útil em contextos hormonais específicos.
22. Prolactina
Níveis elevados de prolactina, frequentemente associados a antipsicóticos, podem causar sintomas como fadiga e humor deprimido. A dosagem é importante no monitoramento de tratamentos.
23. BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro)
O BDNF está reduzido em pacientes com depressão, refletindo alterações na neuroplasticidade. Embora promissor, sua dosagem é mais usada em pesquisa do que na clínica.
24. Testes Genéticos (CYP450)
Polimorfismos nos genes do citocromo P450 (como CYP2D6 e CYP2C19) influenciam o metabolismo de antidepressivos. Testes farmacogenômicos podem orientar a escolha de medicamentos, embora seu uso seja limitado pela disponibilidade.
25. Neuroimagem Funcional (como biomarcador laboratorial)
Embora não seja um exame laboratorial clássico, biomarcadores derivados de neuroimagem funcional (ex.: PET para avaliar serotonina ou dopamina) estão sendo estudados para entender subtipos de depressão. Seu uso é restrito à pesquisa.
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O diagnóstico de depressão é primariamente clínico, mas exames laboratoriais são indispensáveis para descartar condições médicas subjacentes, avaliar comorbidades e monitorar efeitos adversos de tratamentos. Exames como hemograma, vitamina B12, folato, vitamina D, TSH e PCR são amplamente utilizados para excluir causas orgânicas de sintomas depressivos, como anemia, hipotireoidismo ou inflamação sistêmica. Biomarcadores inflamatórios (IL-6, TNF-α) e neurotróficos (BDNF) são promissores, mas limitados à pesquisa. Testes hormonais, como cortisol, testosterona e estradiol, são úteis em contextos específicos, enquanto exames metabólicos (glicemia, perfil lipídico) e de função hepática/renal monitoram comorbidades e segurança medicamentosa. A integração desses exames com a avaliação clínica é essencial para um diagnóstico preciso e um manejo eficaz da depressão, conforme diretrizes como as da American Psychiatric Association e estudos recentes. A escolha dos exames deve ser individualizada, considerando o perfil do paciente, sintomas e contexto clínico.
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