Pesquisa de elementos fúngicos em raspados

Pesquisa de Elementos Fúngicos Em Raspados




A pesquisa de elementos fúngicos em raspados de pele, unhas ou cabelos é uma técnica fundamental em micologia clínica, utilizada para diagnosticar micoses superficiais, como dermatofitoses, candidíase cutânea e pitiríase versicolor. Este procedimento envolve a coleta cuidadosa de amostras biológicas e sua análise microscópica, permitindo a visualização de estruturas fúngicas, como hifas, leveduras ou esporos. A simplicidade, rapidez e acessibilidade do método o tornam essencial no laboratório clínico, especialmente para triagem inicial de infecções fúngicas.

A coleta de raspados é o primeiro passo crítico para garantir a qualidade do exame. Para raspados de pele, utiliza-se uma cureta estéril ou lâmina de bisturi para coletar material de lesões escamosas, preferencialmente nas bordas ativas, onde a carga fúngica é maior. Em unhas, fragmentos são obtidos por raspagem ou corte da região afetada, evitando áreas muito queratinizadas. Para cabelos, os fios infectados, frequentemente quebradiços ou com escamas, são arrancados com pinça estéril, incluindo a raiz. A assepsia é essencial para evitar contaminações, e o material deve ser transportado em recipientes estéreis, como placas de Petri, mantidos em temperatura ambiente para preservar a integridade fúngica.

O profissional de análises clínicas deve orientar a coleta, considerando o quadro clínico do paciente, como prurido, descamação ou alterações ungueais. A escolha do local de coleta é crucial, pois amostras inadequadas podem levar a falsos negativos. Além disso, o paciente deve evitar o uso de antifúngicos tópicos ou cosméticos antes da coleta, pois esses produtos podem mascarar os achados.
A análise microscópica dos raspados é realizada principalmente com hidróxido de potássio (KOH) a 10-20%, que dissolve material queratinoso humano, destacando as estruturas fúngicas. Uma pequena quantidade do raspado é colocada em uma lâmina, tratada com KOH e, às vezes, aquecida suavemente para acelerar a clarificação. A preparação é examinada ao microscópio óptico com aumentos de 100x a 400x. Para maior sensibilidade, corantes como calcofluor white ou azul de algodão lactofenol podem ser usados, especialmente em microscopia de fluorescência, que destaca a quitina da parede fúngica.

Os achados variam conforme o agente etiológico. Em dermatofitoses (Trichophyton, Microsporum), observam-se hifas septadas e ramificadas; em candidíase, leveduras com brotamento e pseudohifas; e em pitiríase versicolor, hifas curtas e leveduras em “espaguete e almôndegas”. A identificação correta exige experiência, pois artefatos como fibras ou debris podem ser confundidos com fungos.

A interpretação dos achados microscópicos deve ser correlacionada com o quadro clínico. Um resultado positivo, com visualização de elementos fúngicos, confirma a suspeita de micose, mas não identifica a espécie, exigindo cultura fúngica para confirmação. Falsos negativos podem ocorrer devido a coleta inadequada ou baixa carga fúngica, enquanto falsos positivos podem resultar de contaminações. O profissional deve considerar a história do paciente, como exposição ambiental ou imunossupressão, para contextualizar os resultados.

A pesquisa em raspados é limitada pela incapacidade de identificar o gênero ou espécie do fungo, sendo necessária a complementação com cultura em ágar Sabouraud ou métodos moleculares, como PCR. A sensibilidade depende da qualidade da coleta e da expertise do analista. Em onicomicoses, a análise de raspados pode ser desafiadora devido à espessura da unha, exigindo técnicas adicionais, como biópsia. Métodos avançados, como espectrometria de massa (MALDI-TOF), têm aumentado a precisão diagnóstica, mas requerem infraestrutura especializada.

O profissional de análises clínicas é responsável por garantir a qualidade da coleta, preparo e análise, além de seguir protocolos de biossegurança para evitar exposição a fungos patogênicos. Ele deve dominar a morfologia fúngica e comunicar os resultados de forma clara à equipe médica, facilitando o manejo clínico. A formação continuada é essencial para acompanhar avanços em técnicas diagnósticas e reconhecer padrões de espécies emergentes.

A pesquisa de elementos fúngicos em raspados é uma técnica indispensável na micologia clínica, oferecendo diagnóstico rápido e econômico para micoses superficiais. Apesar de suas limitações, como a necessidade de métodos complementares para identificação específica, sua execução correta pelo profissional de análises clínicas é crucial para a triagem inicial e o direcionamento terapêutico. Com habilidade técnica, conhecimento morfológico e integração com o contexto clínico, o exame contribui significativamente para a gestão de infecções fúngicas, melhorando os desfechos de pacientes com suspeita de micoses.

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