Pneumocócica (Conjugada 10-valente, 13-valente, ou Polissacarídica 23-valente)
Pneumocócica
(Conjugada 10-valente, 13-valente, ou Polissacarídica 23-valente)
O pneumococo é uma bactéria encapsulada com mais de 100 sorotipos, dos quais alguns são mais prevalentes e virulentos. Antes da vacinação generalizada, o pneumococo causava cerca de 1,6 milhão de mortes anuais, principalmente por pneumonia, segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2023). A transmissão ocorre por gotículas respiratórias, e a colonização nasofaríngea é comum, especialmente em crianças. A PCV10 protege contra 10 sorotipos, a PCV13 contra 13, e a PPSV23 contra 23, mas suas indicações diferem: as vacinas conjugadas são usadas em crianças e, em alguns casos, adultos, enquanto a PPSV23 é recomendada para idosos e grupos de risco. No Brasil, a PCV10 foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2010, administrada em três doses (aos 2, 4 e 6 meses) com reforço aos 12-15 meses.
As vacinas conjugadas (PCV10 e PCV13) utilizam polissacarídeos capsulares conjugados a uma proteína transportadora, como a proteína diftérica CRM197, para induzir uma resposta imune dependente de células T, eficaz em crianças pequenas. Elas estimulam a produção de anticorpos neutralizantes e memória imunológica, além de reduzirem a colonização nasofaríngea, promovendo imunidade de rebanho. A PPSV23, por sua vez, é uma vacina polissacarídica não conjugada, que induz uma resposta imune independente de células T, menos eficaz em crianças menores de dois anos, mas útil em adultos e idosos. Estudos, como o de Bonten et al. (2015) publicado no New England Journal of Medicine, mostram que a PCV13 reduz em 75% as DPI causadas por sorotipos vacinais em idosos, enquanto a PPSV23 tem eficácia de 50-70% contra DPI em adultos, conforme Moore et al. (2015) no The Lancet Infectious Diseases. A PCV10 e a PCV13 apresentam eficácia superior a 90% contra DPI em crianças após a série primária, segundo Cutts et al. (2005) no The Lancet.
A eficácia das vacinas pneumocócicas é amplificada pela imunidade de rebanho. A introdução da PCV10 no Brasil reduziu em 80% as hospitalizações por pneumonia em crianças menores de dois anos entre 2010 e 2015, conforme dados do Ministério da Saúde (2022). Globalmente, a PCV7 (antecessora da PCV10 e PCV13) diminuiu as DPI em até 97% para sorotipos vacinais nos Estados Unidos, segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2020). A PCV13 também reduz a incidência de pneumonia comunitária em idosos, enquanto a PPSV23 é eficaz contra pneumonia não bacterêmica em adultos saudáveis. No entanto, a substituição sorotípica, onde sorotipos não vacinais passam a predominar, é um desafio, embora o impacto clínico seja menor que o benefício geral.
Os desafios na implementação das vacinas pneumocócicas incluem o alto custo das vacinas conjugadas, que limita o acesso em países de baixa renda, apesar do apoio de organizações como Gavi, the Vaccine Alliance. A cobertura global da terceira dose da PCV foi de 51% em 2022, com disparidades regionais significativas (WHO, 2023). No Brasil, a cobertura da PCV10 é superior a 85%, mas quedas recentes aumentam o risco de surtos. A PPSV23, embora mais acessível, tem menor impacto em populações pediátricas e imunidade de curta duração em idosos. A hesitação vacinal, embora menos comum para vacinas pneumocócicas, pode ser um obstáculo, exigindo campanhas educativas. Além disso, a logística de administração (cadeia de frio e múltiplas doses) e a necessidade de esquemas combinados (PCV13 seguida de PPSV23 em alguns grupos) complicam a implementação.
O impacto das vacinas pneumocócicas na saúde pública é profundo. No Brasil, a PCV10 reduziu em 50% as mortes por pneumonia em crianças menores de cinco anos entre 2010 e 2018, segundo o Ministério da Saúde (2022). Globalmente, as vacinas pneumocócicas previnem cerca de 1 milhão de mortes anuais, principalmente em crianças e idosos (Gavi, 2023). A imunidade de rebanho beneficia populações não vacinadas, como recém-nascidos e indivíduos imunocomprometidos. Economicamente, as vacinas diminuem custos com internações e tratamentos, aliviando sistemas de saúde. A redução da resistência antimicrobiana, associada à menor circulação de sorotipos resistentes, é outro benefício indireto.
Apesar dos avanços, a eliminação das doenças pneumocócicas enfrenta obstáculos. A substituição sorotípica exige o desenvolvimento de vacinas com maior cobertura, como as PCV15 e PCV20, já em uso em alguns países. A vigilância epidemiológica é crucial para monitorar mudanças nos sorotipos prevalentes. Além disso, expandir o acesso às vacinas conjugadas em regiões de alta prevalência e integrar a PPSV23 em programas para idosos são prioridades. A pesquisa para vacinas universais contra todos os sorotipos pneumocócicos é promissora, mas ainda em estágios iniciais.
As vacinas pneumocócicas (PCV10, PCV13 e PPSV23) são fundamentais para reduzir a morbimortalidade associada ao Streptococcus pneumoniae. Sua alta eficácia, especialmente das vacinas conjugadas, e a capacidade de induzir imunidade de rebanho transformaram a saúde pública. No entanto, desafios como substituição sorotípica, barreiras de acesso e quedas na cobertura vacinal requerem esforços contínuos. Investir em vigilância, educação e equidade no acesso às vacinas é essencial para maximizar os benefícios e avançar rumo à redução global das doenças pneumocócicas.
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