Um pouco sobre o PCDT para Degeneração Macular Relacionada à Idade (Forma Neovascular)
Um pouco sobre o PCDT para Degeneração Macular
Relacionada à Idade (Forma Neovascular)
A DMRI neovascular é uma das principais causas de cegueira em indivíduos acima de 50 anos, caracterizada pela formação de neovasos na mácula devido à liberação de fatores de crescimento endotelial vascular (VEGF). Estima-se que no Brasil, em 2020, cerca de 2,7 milhões de pessoas apresentavam DMRI, com a forma neovascular correspondendo a 10-20% dos casos, mas responsável por até 90% das perdas visuais severas. A condição impacta significativamente a qualidade de vida, limitando atividades como leitura, condução de veículos e reconhecimento facial. O PCDT destaca a importância do diagnóstico precoce, baseado em exame clínico oftalmológico, acuidade visual corrigida, biomicroscopia de fundo de olho e exames complementares como tomografia de coerência óptica (OCT) e angiografia por fluoresceína, que confirmam a presença de neovasos e edema macular.
O tratamento preconizado pelo PCDT centra-se no uso de inibidores de VEGF, como ranibizumabe e bevacizumabe, administrados por injeção intravítrea. O protocolo recomenda um regime de indução com três doses mensais, seguido por um esquema de manutenção do tipo “tratar e acompanhar” (treat-and-extend), ajustado conforme a resposta clínica avaliada por OCT. O ranibizumabe, incorporado ao SUS, é a primeira escolha devido à sua eficácia comprovada em ensaios clínicos randomizados, como os estudos ANCHOR e MARINA, que demonstraram melhora de pelo menos 15 letras na acuidade visual em até 40% dos pacientes após um ano. O bevacizumabe, embora usado off-label, é uma alternativa custo-efetiva, com eficácia semelhante em estudos como o CATT. O PCDT não recomenda o uso de aflibercepte devido à ausência de vantagem clínica significativa e maior custo, conforme análise de custo-efetividade.
Na prática clínica, o protocolo enfatiza a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo oftalmologistas, retinólogos e equipes de apoio para educação do paciente e adesão ao tratamento. A administração de anti-VEGF exige infraestrutura adequada, incluindo salas estéreis e profissionais capacitados, o que pode representar um desafio em algumas regiões do SUS. O monitoramento regular com OCT é crucial para avaliar a presença de fluido macular e ajustar a frequência das injeções, minimizando o risco de complicações como endoftalmite (<0,1%) ou descolamento de retina. O PCDT também destaca a importância de orientar os pacientes sobre sintomas de alerta, como piora súbita da visão, para busca imediata de atendimento.
A base científica do protocolo é robusta, apoiada por revisões sistemáticas, metanálises e diretrizes internacionais, como as da American Academy of Ophthalmology. A consulta pública incorporou contribuições de especialistas e sociedades médicas, garantindo que as recomendações reflitam as necessidades do sistema de saúde brasileiro. Apesar dos avanços, desafios persistem, como a capacitação de profissionais, o acesso a exames de imagem e a disponibilidade de medicamentos em todas as regiões. O PCDT representa um marco na padronização do manejo da DMRI neovascular, promovendo a preservação da visão e a redução do impacto socioeconômico da doença.
Em resumo, o PCDT de 2022 para DMRI neovascular estabelece um fluxo diagnóstico e terapêutico claro, centrado na terapia anti-VEGF, com monitoramento rigoroso e abordagem individualizada. Suas diretrizes, fundamentadas em evidências sólidas, buscam otimizar desfechos clínicos e melhorar a qualidade de vida, embora a implementação enfrente barreiras logísticas no SUS.
Comentários
Postar um comentário