Células Epiteliais Escamosas em Lâminas de Urinálise

Células Epiteliais Escamosas
em Lâminas de Urinálise


A urinálise é um exame diagnóstico fundamental para avaliar a saúde do trato urinário, com a análise microscópica do sedimento urinário sendo essencial para identificar elementos patológicos ou fisiológicos. As células epiteliais escamosas, originadas do epitélio da uretra distal ou da mucosa vaginal, são frequentemente observadas em lâminas de urinálise, especialmente em amostras femininas, e geralmente indicam contaminação durante a coleta. 

A metodologia envolveu a busca em bases de dados como PubMed, Embase e Scielo, utilizando termos como “urinalysis”, “squamous epithelial cells”, “urine sediment” e “contamination”. Foram selecionados estudos publicados entre 2000 e 2025 que abordassem a detecção e o significado clínico dessas células. A análise microscópica do sedimento, realizada após centrifugação de 10-15 mL de urina a 1500-3000 rpm por 5 minutos, utiliza microscópios ópticos com aumentos de 100x e 400x, preferencialmente com fase-contraste. Células epiteliais escamosas aparecem como células grandes, planas, com núcleo pequeno e central, frequentemente com bordas angulares, distinguindo-se de células renais ou transicionais.

As células epiteliais escamosas são liberadas na urina devido ao descamamento natural da uretra distal ou, em mulheres, por contaminação vaginal durante a coleta. Sua presença é comum em urinálises de rotina, especialmente em amostras coletadas sem a técnica de jato médio, sendo observadas em 30-40% das amostras femininas, segundo estudos. Em homens, sua detecção é menos frequente, geralmente associada à contaminação perineal. Embora comuns, grandes quantidades (>5 por campo de grande aumento) sugerem coleta inadequada, comprometendo a interpretação de outros achados, como bacteriúria.

A relevância clínica das células epiteliais escamosas é geralmente limitada, sendo consideradas um achado fisiológico ou indicativo de contaminação. No entanto, sua presença em grande quantidade pode mascarar elementos patológicos, como bactérias ou leucócitos, dificultando o diagnóstico de infecções do trato urinário (ITUs). Um estudo de 2018 relatou que amostras com muitas células escamosas têm uma especificidade reduzida (50%) para ITUs, destacando a necessidade de coleta adequada. Raramente, células escamosas atípicas podem sugerir lesões neoplásicas, como carcinoma de células escamosas, exigindo investigação citológica.

A identificação dessas células é relativamente simples devido à sua morfologia distinta, mas pode ser confundida com debris celulares em amostras mal preservadas. A microscopia de fase-contraste é crucial para visualizar o núcleo pequeno e a forma poligonal, diferenciando-as de outras células epiteliais. A análise deve ser realizada em até 60 minutos após a coleta, pois a deterioração do sedimento pode obscurecer as estruturas. A automação em urinálise não é confiável para quantificar células escamosas, reforçando a necessidade de microscopia manual por examinadores experientes.

Os desafios incluem a variabilidade na preparação do sedimento e a influência de fatores como higiene inadequada ou coleta sem jato médio, que aumentam a contaminação. A alta prevalência de células escamosas em amostras femininas exige cautela para evitar interpretações errôneas de bacteriúria ou piúria. Além disso, a distinção entre células escamosas normais e atípicas requer treinamento, especialmente em casos suspeitos de malignidade.

A integração entre achados microscópicos e contexto clínico é essencial. A presença de muitas células escamosas sugere a necessidade de repetir a coleta com técnica adequada. Em casos de suspeita de ITU, a urocultura é indispensável para confirmar a infecção. Estratégias educativas para técnicos e pacientes sobre a coleta por jato médio podem reduzir a contaminação, enquanto a padronização do procedimento melhora a acurácia diagnóstica.

Os avanços na detecção incluem microscópios de alta resolução e técnicas de imagem digital, que facilitam a visualização de detalhes celulares. Pesquisas futuras devem explorar métodos automatizados com inteligência artificial para quantificar células escamosas, distinguindo contaminação de achados patológicos. Estudos epidemiológicos sobre a prevalência dessas células em diferentes populações podem esclarecer seu impacto na interpretação da urinálise.

A gestão de amostras com células epiteliais escamosas foca na redução de contaminação por meio de educação sobre coleta adequada. Em casos raros de suspeita de malignidade, a citologia urinária ou cistoscopia é indicada. A conscientização dos pacientes sobre higiene e técnica de coleta é crucial para melhorar a qualidade das amostras.

As células epiteliais escamosas em lâminas de urinálise são achados comuns, geralmente indicativos de contaminação, mas podem complicar o diagnóstico de ITUs ou outras condições. Sua identificação exige técnicas precisas, microscopia manual e integração clínico-laboratorial para evitar erros. A urinálise permanece indispensável, e a interpretação cuidadosa desses achados, aliada a estratégias de coleta adequada, é fundamental para diagnósticos precisos e tratamentos eficazes.







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