Compreendendo a Biópsia Incisional ou Excisional

 Compreendendo a  Biópsia
Incisional ou Excisional



A Biópsia Incisional ou Excisional representa procedimentos cirúrgicos mais invasivos utilizados no diagnóstico de lesões ou massas suspeitas, permitindo a remoção de amostras teciduais para análise histopatológica detalhada. Diferentemente das biópsias por agulha, que coletam células ou fragmentos pequenos, a biópsia incisional envolve a retirada de uma porção representativa da lesão, enquanto a excisional remove a lesão inteira, incluindo margens de tecido saudável ao redor, servindo tanto para diagnóstico quanto para tratamento curativo em casos benignos ou iniciais. Essas técnicas datam do século XIX, com avanços significativos no século XX graças ao desenvolvimento da anestesia e da histopatologia, tornando-se essenciais em especialidades como dermatologia, oncologia, mastologia e cirurgia geral. Elas são indicadas quando métodos menos invasivos, como a punção aspirativa ou core biopsy, não fornecem material suficiente ou quando há necessidade de avaliar a arquitetura tecidual completa, com taxas de acurácia diagnóstica acima de 95% em muitos cenários. A escolha entre incisional e excisional depende do tamanho, localização e suspeita da lesão: a incisional é preferida para massas grandes ou profundas, evitando cirurgias extensas prematuras, enquanto a excisional é ideal para lesões pequenas e acessíveis, como nódulos cutâneos ou linfáticos superficiais.

As indicações para essas biópsias são diversas e baseadas em avaliações clínicas e de imagem que sugerem anormalidades. Na dermatologia, são comumente usadas para investigar lesões cutâneas suspeitas de melanoma, carcinoma basocelular ou espinocelular, especialmente quando apresentam assimetria, bordas irregulares, variação de cor ou diâmetro superior a 6 mm, conforme o critério ABCDE. Em mastologia, aplicam-se a nódulos mamários palpáveis ou detectados por mamografia, particularmente aqueles classificados como BI-RADS 4 ou 5, ajudando a diferenciar fibroadenomas, cistos complexos ou carcinomas invasivos. Para tumores em órgãos internos, como fígado, pulmão ou tireoide, a biópsia incisional pode ser realizada durante laparoscopia ou toracoscopia para lesões maiores que 2 cm, confirmando metástases ou neoplasias primárias. A excisional é recomendada para lesões benignas aparentes, como lipomas ou cistos sebáceos, ou para remoção completa de pólipos ou verrugas. Em odontologia e estomatologia, são indicadas para lesões bucais, como leucoplasias ou suspeitas de carcinoma oral, onde a excisional é preferida para lesões menores que 1 cm. No entanto, não são métodos iniciais para todas as situações; em lesões profundas ou de alto risco, podem ser precedidas por biópsias por agulha, reservando-as para casos inconclusivos ou quando o tratamento cirúrgico é iminente.

A preparação para o exame envolve avaliação pré-operatória para minimizar riscos. O paciente deve informar o médico sobre histórico de coagulopatias, uso de anticoagulantes como aspirina ou varfarina, alergias a anestésicos ou látex, e condições como diabetes ou hipertensão, que podem exigir ajustes. Jejum é necessário se anestesia geral for planejada, tipicamente 8 horas para alimentos sólidos e 2 horas para líquidos claros. Exames laboratoriais, como hemograma e coagulograma, e de imagem, como ultrassonografia ou tomografia, são solicitados para localizar a lesão e planejar o acesso. O consentimento informado é obrigatório, explicando os procedimentos, benefícios e alternativas, ajudando a reduzir ansiedade. Recomenda-se banho com sabonete antisséptico na véspera e remoção de joias ou maquiagem na área afetada. Em casos ambulatoriais, o paciente deve arranjar transporte, pois sedação pode comprometer a direção.

O procedimento é realizado em ambiente hospitalar ou ambulatorial, sob anestesia local, regional ou geral, dependendo da localização e extensão, durando de 30 minutos a 2 horas. Para biópsia incisional, o cirurgião marca a lesão, desinfeta a pele com iodopovidona e infiltra anestésico local como lidocaína. Uma incisão elíptica ou linear é feita com bisturi, removendo uma amostra da periferia da lesão, incluindo tecido normal e evitando áreas necróticas para melhor representatividade. A hemostasia é realizada com cauterização ou suturas, e o material é fixado em formalina para análise. Na excisional, a incisão é maior, removendo toda a lesão com margens de 2-5 mm de tecido saudável, especialmente em suspeitas de malignidade para avaliar invasão. Em lesões cutâneas, a técnica elíptica minimiza cicatrizes, e camadas profundas podem ser fechadas com suturas absorvíveis, seguidas por pontos externos ou adesivos. Para locais profundos, como abdômen, usa-se laparoscopia com instrumentos minimamente invasivos, reduzindo tempo de recuperação. O material é enviado para histopatologia, com colorações como hematoxilina-eosina e imunohistoquímica para marcadores tumorais.

Após o exame, o paciente é monitorado por 1-2 horas para complicações imediatas, como sangramento ou reações anestésicas. Curativos estéreis são aplicados, e analgésicos como paracetamol ou ibuprofeno são prescritos para dor moderada. Recomenda-se repouso por 24-48 horas, evitando esforços, banho no local por 48 horas e exposição solar para prevenir infecções ou hiperpigmentação. Suturas são removidas em 7-14 dias, dependendo da localização. Os resultados estão disponíveis em 5-10 dias, classificando a lesão como benigna, maligna ou de alto risco, com detalhes sobre tipo histológico, grau e margens, orientando tratamentos subsequentes como quimioterapia ou radioterapia.

Apesar de seguras, essas biópsias apresentam riscos, com incidência de complicações em torno de 5-10%. Os mais comuns incluem sangramento, hematoma, infecção no sítio cirúrgico e cicatrizes queloides, especialmente em peles escuras ou áreas como pescoço e tórax. Reações alérgicas à anestesia ou antissépticos são raras, mas possíveis. Contraindicações incluem coagulopatias não controladas, infecções ativas ou lesões inacessíveis sem guiamento. Em excisional, há risco de remoção incompleta em tumores infiltrativos, exigindo reintervenção.

As vantagens são notáveis: fornecem amostras amplas para diagnóstico preciso, permitindo avaliação de invasão e margens, e a excisional pode ser terapêutica, eliminando a lesão completamente. São mais acessíveis em contextos cirúrgicos e reduzem a necessidade de múltiplos procedimentos. No entanto, limitações incluem maior invasividade, com recuperação mais longa (até semanas), custos elevados e potencial para cicatrizes estéticas ou funcionais. Dependem da expertise do cirurgião e podem subestimar tumores heterogêneos na incisional.

As biópsias incisional e excisional são pilares no diagnóstico oncológico e de lesões teciduais, equilibrando acurácia com intervenção cirúrgica para otimizar o manejo clínico. Sua integração com imagens avançadas e análises moleculares continua a evoluir, promovendo diagnósticos precoces e tratamentos personalizados, enquanto minimiza riscos em pacientes selecionados de forma ética e eficiente.



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