Cortes em Micrótomo

 Cortes em Micrótomo


Os cortes em micrótomo representam uma das etapas mais delicadas na preparação de amostras biológicas para análise histopatológica, exigindo do auxiliar técnico de anatomia patológica precisão, habilidade manual e atenção aos detalhes. Após a inclusão em parafina, os blocos de tecido são cortados em fatias extremamente finas, com espessura de 3 a 5 micrômetros, e colocados em lâminas de vidro para posterior coloração e análise microscópica. Essa técnica permite que o patologista observe as estruturas celulares em detalhes, sendo essencial para diagnósticos precisos. O auxiliar técnico desempenha um papel crucial, garantindo que os cortes sejam uniformes e livres de artefatos.

O processo se inicia com a preparação do micrótomo, um equipamento de alta precisão que corta os blocos de parafina. O auxiliar técnico ajusta o micrótomo, verificando a afiação da lâmina e calibrando a espessura dos cortes. A lâmina deve estar impecavelmente afiada, pois qualquer irregularidade pode rasgar o tecido ou produzir cortes inconsistentes. O auxiliar fixa o bloco de parafina no suporte do micrótomo, garantindo que esteja bem alinhado. A identificação do bloco é conferida rigorosamente, comparando os códigos com os registros do laboratório para evitar erros que comprometam a rastreabilidade da amostra.

Antes de iniciar os cortes definitivos, o auxiliar técnico realiza cortes iniciais, chamados de “faceamento”, para expor a superfície do tecido. Essa etapa requer paciência, pois é necessário remover camadas externas de parafina até atingir a área de interesse do tecido. O auxiliar utiliza o micrótomo com movimentos suaves e constantes, ajustando o ângulo do bloco, se necessário, para garantir que os cortes sejam representativos. Para tecidos delicados, como biópsias pequenas, ou mais densos, como ossos descalcificados, o auxiliar pode precisar de ajustes adicionais no micrótomo, como reduzir a velocidade de corte ou alterar a espessura.

Os cortes, uma vez obtidos, são cuidadosamente coletados com pinças finas ou pincéis e colocados em um banho-maria aquecido, geralmente a 40–45°C, para esticá-los e remover rugas. O auxiliar técnico posiciona as fatias em lâminas de vidro, que podem ser previamente tratadas com adesivos, como polilisina, para melhorar a aderência do tecido. Essa etapa exige destreza, pois os cortes são extremamente finos e podem se romper ou dobrar facilmente. O auxiliar assegura que as lâminas estejam devidamente identificadas, mantendo a correspondência com o bloco de origem, e as coloca em estufas para secagem, garantindo que o tecido esteja bem fixado.

A qualidade dos cortes é fundamental para a análise histopatológica. Artefatos, como rasgaduras, dobras ou espessuras irregulares, podem dificultar a interpretação microscópica. O auxiliar técnico deve estar atento a problemas como blocos mal incluídos, que podem resultar em cortes fragmentados, ou lâminas mal ajustadas, que geram bolhas de ar. Em casos de tecidos gordurosos ou frágeis, o auxiliar pode resfriar o bloco antes do corte para aumentar sua firmeza, demonstrando a importância de adaptar a técnica às características do material.

A biossegurança é uma prioridade durante o processo. O auxiliar técnico utiliza luvas, aventais e, em alguns casos, máscaras, para evitar a contaminação cruzada entre amostras. O micrótomo e a área de trabalho são limpos regularmente para remover resíduos de parafina e tecido, seguindo normas de segurança do laboratório. Além disso, o auxiliar é responsável pela manutenção do equipamento, como a troca e descarte adequado das lâminas de corte, que são manipuladas com cuidado devido ao seu potencial de causar acidentes.

As lâminas preparadas são organizadas para a etapa de coloração, geralmente com hematoxilina e eosina, e entregues ao patologista. O auxiliar técnico também arquiva os blocos de parafina de forma sistemática, garantindo que possam ser recuperados para cortes adicionais, se necessário. Sua atuação combina técnica apurada e responsabilidade, pois a qualidade dos cortes em micrótomo influencia diretamente a clareza das estruturas celulares observadas, impactando o diagnóstico final. Com habilidade e cuidado, o auxiliar técnico assegura que cada lâmina esteja pronta para revelar informações cruciais ao tratamento do paciente.


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