Detalhando a Ultrassonografia (Duplex Scan) de Artérias Carótidas e Vertebras
Detalhando a Ultrassonografia (Duplex Scan)
de Artérias Carótidas e Vertebras
A ultrassonografia com Doppler de artérias carótidas e vertebrais, também conhecida como Duplex Scan carotídeo-vertebral, é um exame não invasivo que utiliza ondas de ultrassom para avaliar a anatomia e o fluxo sanguíneo nas artérias carótidas (localizadas no pescoço) e vertebrais (que suprem o cérebro). Esse exame é fundamental na cardiologia e na neurologia para detectar estreitamentos (estenoses), obstruções, placas ateroscleróticas ou anomalias que possam aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC), infarto ou insuficiência vascular cerebral. Por ser seguro, indolor e não utilizar radiação ionizante, o Duplex Scan é amplamente indicado para pacientes com fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, diabetes, tabagismo ou histórico familiar de doenças vasculares.
O exame combina duas tecnologias: a ultrassonografia bidimensional (2D) e o Doppler. A ultrassonografia 2D gera imagens detalhadas da estrutura das artérias, permitindo visualizar a paredes arteriais, a presença de placas ateroscleróticas (acúmulo de gordura e cálcio) e o diâmetro interno dos vasos. O Doppler, por sua vez, avalia a velocidade e a direção do fluxo sanguíneo, identificando turbulências ou reduções de fluxo causadas por estreitamentos. O Doppler colorido sobrepõe cores às imagens, com vermelho indicando fluxo em direção ao transdutor e azul indicando fluxo oposto, facilitando a identificação de anormalidades. O equipamento é operado por um médico especialista, geralmente um radiologista ou vascular, que utiliza um transdutor (sonda) aplicado sobre a pele do pescoço com gel condutor para melhorar a transmissão das ondas sonoras.
A preparação para o Duplex Scan é mínima. Não é necessário jejum, e os medicamentos habituais podem ser mantidos, salvo orientação médica específica. O paciente deve evitar usar colares ou roupas que cubram o pescoço, optando por vestimentas confortáveis de gola baixa. Durante o exame, que dura cerca de 20 a 40 minutos, o paciente deita-se em uma maca, e o médico move o transdutor ao longo do pescoço, capturando imagens das carótidas comuns, internas e externas, além das artérias vertebrais. O procedimento é indolor, embora a pressão do transdutor possa causar leve desconforto em áreas sensíveis. O paciente deve permanecer imóvel e, em alguns momentos, pode ser solicitado que prenda a respiração brevemente para melhorar a qualidade das imagens.
Tecnicamente, o Duplex Scan fornece parâmetros cruciais. Ele mede o grau de estenose arterial, expresso em porcentagem, com base na redução do diâmetro do vaso. Por exemplo, uma estenose ≥70% é considerada significativa, indicando alto risco de AVC. O exame também avalia a velocidade de pico sistólico (VPS) do fluxo sanguíneo, medida em cm/s. Valores normais na carótida interna variam entre 50-90 cm/s, enquanto velocidades >230 cm/s sugerem estenose grave. A presença de placas é classificada como homogêneas (estáveis, com menor risco de ruptura) ou heterogêneas (instáveis, com maior risco de embolia). O Doppler também detecta fluxos anormais, como turbulências ou fluxos retrógrados nas artérias vertebrais, que podem indicar síndrome do roubo da subclávia. Além disso, o exame calcula o índice de resistência (IR), que reflete a elasticidade vascular, normalmente entre 0,5 e 0,8 nas carótidas.
O Duplex Scan é indicado para pacientes com sintomas neurológicos, como tonturas, desmaios, visão embaçada ou ataques isquêmicos transitórios (AIT), que são “mini-AVCs” temporários. Também é recomendado para indivíduos assintomáticos com fatores de risco, como idade acima de 65 anos, colesterol elevado ou histórico de doença coronariana. O exame é usado para monitorar pacientes pós-cirurgia vascular, como endarterectomia carotídea (remoção de placas) ou colocação de stents, e para avaliar a progressão de aterosclerose. Estudos recentes da Sociedade Europeia de Cardiologia (2024) destacam sua utilidade na triagem de pacientes com diabetes tipo 2, que têm maior prevalência de placas carotídeas assintomáticas.
Os riscos do Duplex Scan são praticamente inexistentes. Como não utiliza radiação ou contraste, é seguro para gestantes, idosos e pacientes com insuficiência renal. Raramente, pode haver desconforto local ou irritação cutânea pelo gel, afetando menos de 1% dos casos. Pessoas com lesões ou infecções no pescoço devem informar o médico para ajustes na técnica. O exame é compatível com dispositivos como marcapassos, mas o técnico deve ser notificado.
Após o exame, o médico gera um laudo detalhando a anatomia das artérias, o grau de estenose, as características das placas e os padrões de fluxo. Resultados normais indicam artérias sem estreitamentos significativos (<50%) e fluxos adequados. Achados anormais, como estenose grave ou placas instáveis, podem levar a intervenções como uso de estatinas, antiplaquetários (ex.: aspirina) ou, em casos críticos, cirurgia. O laudo também pode recomendar exames complementares, como angiotomografia ou ressonância magnética, para confirmar achados complexos.
O Duplex Scan se destaca por sua acessibilidade, precisão e capacidade de fornecer um “mapa” detalhado do sistema carotídeo-vertebral, essencial para prevenir eventos cerebrovasculares. Avanços recentes, como a integração de inteligência artificial para análise automatizada de imagens, têm melhorado a detecção de microplacas e a previsão de riscos, conforme artigos da American Heart Association (2025). Para o paciente, entender que o exame é um aliado na prevenção de AVCs facilita a adesão. Seguir as orientações, como manter a calma durante o procedimento e informar condições prévias, garante resultados confiáveis. Em resumo, o Duplex Scan carotídeo-vertebral é uma ferramenta indispensável, combinando segurança, simplicidade e alta capacidade diagnóstica para proteger a saúde vascular e cerebral.
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