Maceração e Digestão de Tecidos Duros para Análise Histopatológica

 Maceração e Digestão de Tecidos Duros
para Análise Histopatológica



A maceração e digestão de tecidos duros, como ossos e dentes, é uma etapa essencial na preparação de amostras biológicas para análise histopatológica, permitindo que esses materiais sejam cortados em fatias finas para exame microscópico. Do ponto de vista do auxiliar técnico de anatomia patológica, esse processo exige precisão, paciência e conhecimento técnico para descalcificar o tecido sem comprometer suas estruturas celulares. A descalcificação, geralmente realizada com soluções de EDTA ou ácidos, torna os tecidos duros maleáveis, possibilitando cortes de qualidade. O auxiliar desempenha um papel crucial, garantindo que cada etapa seja executada com cuidado para assegurar diagnósticos precisos de condições como tumores ósseos ou doenças dentárias.

O processo começa com a recepção da amostra, que chega ao laboratório após fixação em formol a 10%, geralmente por 24 a 48 horas, para preservar as células. O auxiliar técnico verifica a identificação do material, conferindo dados como nome do paciente, origem do tecido (por exemplo, fêmur ou molar) e solicitação médica, registrando a amostra no sistema do laboratório para garantir rastreabilidade. Ele inspeciona o tecido, avaliando seu tamanho e densidade, pois essas características determinam o método e o tempo de descalcificação. Amostras muito densas, como ossos corticais, podem exigir cortes preliminares com serra ou bisturi para facilitar a penetração do fixador e do descalcificante.

A descalcificação é o cerne do processo, removendo sais de cálcio que tornam ossos e dentes rígidos. O auxiliar técnico utiliza soluções como ácido nítrico (5–10%) ou EDTA, que é mais suave e preserva melhor as estruturas celulares, especialmente para imuno-histoquímica. O EDTA, aplicado em solução tamponada a pH neutro, pode levar dias ou semanas, enquanto ácidos fortes, como o nítrico, agem em 12 a 48 horas, dependendo da densidade do tecido. O auxiliar monitora o processo, testando a flexibilidade do tecido com uma agulha fina ou verificando a liberação de bolhas de dióxido de carbono, indicando a remoção de cálcio. Ele troca a solução regularmente para manter sua eficácia, evitando danos celulares por exposição prolongada.

Após a descalcificação, o tecido é lavado em água corrente por várias horas para remover resíduos do descalcificante, uma etapa crítica para evitar interferências no processamento subsequente. O auxiliar técnico coloca o tecido em cassetes histológicos identificados e o insere em um processador automático, que realiza desidratação em álcoois, clarificação em xilol e impregnação em parafina. Como ossos e dentes descalcificados podem ser frágeis, o auxiliar manipula o material com cuidado, usando pinças para evitar fragmentação. A inclusão em parafina é feita em moldes metálicos, com o tecido orientado para expor áreas diagnósticas, formando blocos sólidos prontos para a microtomia.

Na microtomia, o auxiliar corta os blocos em fatias de 3 a 5 micrômetros, ajustando o micrótomo para lidar com a textura frequentemente irregular dos tecidos descalcificados. Ele utiliza lâminas afiadas para evitar rasgaduras e coloca os cortes em banho-maria a 40–45°C para esticá-los, transferindo-os para lâminas de vidro com adesivos, como polilisina, para melhor aderência. A coloração, geralmente com hematoxilina e eosina (H&E), destaca núcleos em azul e citoplasma em rosa, mas o auxiliar também pode preparar lâminas para colorações especiais, como tricrômico, para avaliar fibras colágenas em ossos.

A biossegurança é uma prioridade constante. O auxiliar utiliza EPIs, como luvas, óculos e aventais, e trabalha em capelas de exaustão ao manipular ácidos e xilol, que são tóxicos. Ele também garante o descarte adequado de resíduos químicos e mantém os equipamentos, como processadores e micrótomos, limpos e calibrados. As lâminas coradas são organizadas e entregues ao patologista, com os blocos arquivados para futuras análises. Com habilidade e atenção, o auxiliar técnico assegura que a maceração e digestão de tecidos duros produza lâminas de qualidade, contribuindo para diagnósticos que orientam tratamentos de doenças ósseas e dentárias.

Comentários

Postagens mais visitadas