Preparação de Medula Óssea para Análise Histopatológica

 Preparação de Medula Óssea para
 Análise Histopatológica

A preparação de biópsias de medula óssea, obtidas por aspiração com agulha, é uma tarefa especializada na histopatologia, exigindo do auxiliar técnico de anatomia patológica precisão e cuidado para garantir a qualidade da análise microscópica. Utilizada para diagnosticar doenças hematológicas, como leucemias e linfomas, essa técnica envolve fixação em formol, descalcificação ácida e coloração com hematoxilina e eosina (H&E) ou Giemsa. O auxiliar desempenha um papel essencial em cada etapa, desde o recebimento do material até a entrega das lâminas ao patologista, assegurando que as características celulares sejam preservadas para um diagnóstico confiável.

O processo começa com a recepção da amostra, geralmente um pequeno fragmento de medula óssea coletado de locais como a crista ilíaca. O auxiliar técnico verifica a identificação do material, conferindo informações como nome do paciente, origem da biópsia e solicitação médica. A amostra chega ao laboratório em frascos com formol a 10%, que preserva as células e previne a autólise. O auxiliar registra o material no sistema do laboratório, garantindo rastreabilidade, e inspeciona o frasco para confirmar que o volume de fixador é adequado, geralmente na proporção de 10:1 em relação ao tecido. Qualquer irregularidade, como rótulos ilegíveis, é imediatamente comunicada.

A fixação em formol é a primeira etapa técnica, geralmente com duração de 24 a 48 horas, para estabilizar as estruturas celulares. O auxiliar técnico monitora o processo, garantindo que o fragmento esteja completamente imerso no formol. Como a medula óssea contém componentes ósseos, a descalcificação é necessária para tornar o tecido apto ao corte. O auxiliar utiliza soluções ácidas, como ácido nítrico a 5–10% ou ácido acético, submergindo a amostra por 12 a 24 horas, dependendo da densidade do material. Ele verifica regularmente o progresso da descalcificação, testando a flexibilidade do tecido com uma agulha fina, para evitar excesso que possa danificar as células ou insuficiência que dificulte os cortes.

Após a descalcificação, o tecido é lavado em água corrente para remover resíduos ácidos e preparado para o processamento. O auxiliar técnico coloca o fragmento em cassetes histológicos identificados e o insere em um processador automático, que realiza desidratação em álcoois, clarificação em xilol e impregnação em parafina. A inclusão em parafina é feita com cuidado, pois a medula óssea é frequentemente pequena e frágil. O auxiliar posiciona o tecido em moldes metálicos, cobrindo-o com parafina líquida, que solidifica em um bloco firme, pronto para a microtomia. A orientação correta do tecido é crucial para expor áreas celulares relevantes nos cortes.

Na microtomia, o auxiliar corta o bloco em fatias de 3 a 5 micrômetros usando um micrótomo, ajustando a lâmina para evitar rasgaduras, já que a medula óssea descalcificada pode ser delicada. Os cortes são colocados em lâminas de vidro, frequentemente tratadas com adesivos, e esticados em banho-maria a 40–45°C. Para a coloração, o auxiliar utiliza H&E, que tinge núcleos em azul e citoplasma em rosa, ou Giemsa, que destaca detalhes hematológicos, como precursores celulares, em tons de azul e roxo. Ele prepara as soluções corantes, seguindo tempos precisos (3–5 minutos para H&E, 10–15 minutos para Giemsa), e cobre as lâminas com lamínulas após desidratação e clarificação.

A biossegurança é uma prioridade constante. O auxiliar utiliza EPIs, como luvas e aventais, e trabalha em capelas de exaustão ao manipular ácidos e xilol. Ele também garante a limpeza de equipamentos, como o micrótomo, e o descarte adequado de resíduos químicos. As lâminas coradas são organizadas e entregues ao patologista, com arquivamento sistemático dos blocos para futuras análises. Com habilidade e atenção, o auxiliar técnico assegura que a preparação da medula óssea revele detalhes celulares cruciais, contribuindo para diagnósticos precisos que orientam o tratamento de doenças graves.